Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Dilma e a sa�da pela direita
As manifesta��es de domingo encerram um paradoxo aparente. Pesquisas de opini�o, marteladas com estrid�ncia, colocam Dilma Rousseff no ponto mais baixo de popularidade entre presidentes anteriores. A oposi��o –conduzida por golpistas declarados, antipetistas virulentos e derrotados incorrig�veis– apostou suas fichas nisso.
O racioc�nio da turma emplumada previa a apoteose da onda de protestos. N�o foi exatamente assim. Em n�mero de pessoas, cifras iniciais apontam uma certa desidrata��o, ao menos nos grandes centros. Em quantidade de locais, talvez n�o. A conferir, pois se contabilizam como "atos" encontros de gatos pingados nos EUA, Austr�lia, Gr�-Bretanha, Portugal e quem sabe Ibiza, St. Moritz e Miami, claro.
Seja como for, nenhum dos lados tem condi��es de festejar vit�ria. Embora menores, os protestos apontam para a perman�ncia de uma queda-de-bra�o que, neste momento, tem seus principais lances decididos em gabinetes refrigerados e n�o no calor das ruas. Esse � o ponto.
Dilma obteve algum f�lego do ponto de vista da maldita governabilidade, com o adiamento de decis�es dos tribunais que fazem cerco ao Planalto. O fantasma do golpismo paraguaio recolheu-se momentaneamente. Mas a que custo?
Pedra filosofal em cartaz, a Agenda Brasil � um programa de destrui��o de conquistas sociais de causar inveja � antiga UDN. Exemplos: mexe na aposentadoria, libera o uso obrigat�rio de verbas na Sa�de e Educa��o, promete sacramentar a terceiriza��o selvagem, favorece o setor ruralista, amea�a rendimentos do funcionalismo. Tamb�m afaga os planos de sa�de com mais benesses. Pensou-se at� em come�ar a privatiza��o do SUS. Um desastre social.
Publicamente, o padrinho do monstrengo reacion�rio � o presidente do Senado, Renan Calheiros. Seu curr�culo pol�tico dispensa maiores coment�rios. Mais importante s�o os bastidores. A Agenda Brasil surge simultaneamente � movimenta��o do Planalto em dire��o ao grande capital.
Ao que j� se sabe, e pelo que talvez nunca venha a p�blico, no mesmo per�odo multiplicaram-se reuni�es de emiss�rios do governo com presidentes de grandes bancos, empres�rios gra�dos e magnatas das telecomunica��es. A governabilidade passou a ser defendida pelo presidente do Bradesco, o vice-presidente do Grupo Globo, mandat�rios da Fiesp e da Firjan e outros tantos plutocratas. Margaridas e alguns movimentos sociais, independentemente de sua vontade, apenas coloriram o ambiente, como aquelas decora��es usadas para enfeitar festas e banquetes da elite bem de vida.
Muita �gua vai correr por baixo desta ponte (para desespero de Geraldo Alckmin, exceto na Cantareira e adjac�ncias). Mas a sa�da � direita decididamente enfraquece o governo. Ningu�m tem d�vida: Dilma, Lula e o PT prosseguem na linha de tiro, ainda que somente para imobiliz�-los.
Feitas as contas, constata-se dia ap�s dia que um dos principais trunfos do Planalto � a indig�ncia pol�tica das lideran�as da oposi��o, inconfi�veis mesmo para os milion�rios que sempre as sustentaram. Isso hoje: numa conjuntura vol�til, trata-se de uma combina��o com prazo de validade imposs�vel de prever. A �nica certeza � a de que arranjos semelhantes podem at� salvar mandatos, engordar lucros e emparedar governos; jamais s�o capazes de melhorar a situa��o de um pa�s.
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