Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Tribunal Criminoso da Uni�o
A aprova��o rel�mpago de contas presidenciais que dormitavam h� anos no Parlamento, como reconhecido por todos, foi mais uma manobra regimental sob os ausp�cios de Eduardo Cunha. Faz parte do jogo de press�o do presidente da C�mara contra o Planalto. O motivo tamb�m � not�rio: o peemedebista tenta escapar de indiciamento ap�s ser acusado de embolsar US$ 5 milh�es em propinas.
A inten��o manifesta � usar um prov�vel parecer do Tribunal de Contas da Uni�o rejeitando as contas de Dilma Rousseff por "pedaladas fiscais". O TCU ainda vai bater o martelo. Cunha, de sua parte, conta com o relator Augusto Nardes para reprovar a administra��o Dilma. Bom soldado, Nardes bate contin�ncia e vai em frente.
Sem nenhum pudor, o relator empenha-se num p�riplo infatig�vel por todos os poderes. Nada a estranhar quando ju�zes, ministros do Supremo, procuradores, policiais e tantos outros alardeiam posi��es condenat�rias pela m�dia, em vez de falarem pelos autos. Os c�nicos classificam esta afronta sistem�tica como prova de que as "institui��es est�o funcionando".
Mal percebem que todo crime deixa vest�gios. Ao examinar de baciada contas pregressas de Itamar Franco, FHC e Lula, os parlamentares carimbaram um atestado de inoc�ncia da atual presidente. Reportagem da Folha publicada em 26 de abril comprova que as tais pedaladas v�m de longe, pelo menos desde o governo tucano. Nem os oposicionistas contestam. Logo, todas deveriam ser reprovadas a considerar um tratamento justo e ison�mico.
Surpresa: com base no mesmo TCU, os parlamentares endossaram as contas de todos, com ressalvas "t�cnicas". Mas se as chamadas pedaladas s�o crime, por que aprovar o expediente em alguns governos e reprovar em outros? Do ponto de vista da Justi�a, a manobra de Cunha equivale a um tiro no p�. Elaborada para emparedar Dilma, acabou por absolv�-la de fato –mesmo sem entrar no m�rito de que os recursos financiaram programas sociais de interesse de milh�es de brasileiros.
J� no �mbito da pol�tica, a manobra tem alvo certo. � parte de uma opera��o t�o combinada quanto fren�tica para derrubar um governo eleito. Os motivos n�o importam. Variam a cada momento. Rejei��o de contas, supostos delitos de campanha, pesquisas de opini�o, Lava Jato, derrotas no Congresso –vale tudo e mais um pouco. Experimente perguntar a cardeais da oposi��o, p�blica ou privada, qual seu projeto de pa�s al�m de se livrar do PT. As respostas esclarecem.
A�cio Neves, que prometeu ir para Harvard caso fosse derrotado em 2014, agora defende novas elei��es. Talvez por saudade de ser rejeitado nas urnas outra vez. Geraldo Alckmin prefere deixar o barco seguir at� 2018 para ganhar musculatura. FHC tergiversa, al�m de tentar limpar a pr�pria biografia e cavar espa�o na m�dia para expor dotes professorais. Eduardo Cunha e sua bancada de ac�litos s� pensam em abafar as pr�prias mazelas. J� Temer, Renan e parte do PMDB esperam na moita para ver aonde o vento sopra.
E o governo? As op��es est�o na mesa. O Planalto pode continuar se dissolvendo no jogo pol�tico convencional e ampliar concess�es ao fisiologismo rasteiro, aos bar�es da banca e ao grande capital –sempre em detrimento de programas de alcance popular. Ou ent�o finalmente honrar compromissos assumidos com a maioria que o elegeu. Entre uma e outra alternativa, h� in�meras variantes. O importante � decidir de que lado a balan�a vai pesar.
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