Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Bombas na pauta
O presidente da C�mara, Eduardo Cunha, promete barulho na volta do recesso. Seria a pauta-bomba. O objetivo de Cunha, nem ele esconde, � refor�ar o emparedamento do Planalto. O lema: se hay Dilma, soy contra. Para azar do deputado, neste meio tempo ele passou definitivamente de pedra a vidra�a. Mas o jogo ainda est� para ser jogado.
Bem mais real do que especula��es parlamentares foi o atentado contra o Instituto Lula, ocorrido na noite da �ltima quinta-feira (30). Em qualquer pa�s mais ou menos s�rio, o ataque ao escrit�rio de um ex-presidente da Rep�blica num ambiente envenenado como o atual seria classificado de ato terrorista. Uma bomba jogada na sede onde trabalha um dos principais l�deres pol�ticos brasileiros merece outro nome?
Ali�s, tampouco se trata do primeiro atentado a instala��es do PT. Foi o terceiro num curto espa�o de tempo. Acidentes? Nada disso. Eles representam uma escalada previs�vel. Nos �ltimos meses, j� tivemos fot�grafos agredidos, cidad�os atacados durante passeatas, leitores de revistas humilhados em avi�es e jornalistas perseguidos porque s�o parecidos com Lula. Isso para n�o falar das agress�es em lugares p�blicos –hospitais, restaurantes– contra quem n�o reza a cartilha do impeachment da presidente.
"Ah, mas foi uma bomba caseira e n�o deixou feridos", simplificaram as not�cias sobre o atentado. Como se o fato de ser "feita em casa" anulasse a agress�o cometida. Comediantes de ocasi�o e locat�rios das redes sociais aproveitaram o momento para exercitar sua discut�vel criatividade. Pena que Lula n�o estava l�, disseram uns. Foi coisa armada pelo pr�prio PT, acusaram outros.
As rea��es do mundo pol�tico, ent�o, impressionaram pelo sil�ncio. Nem com uma lupa � poss�vel encontrar manifesta��es veementes de rep�dio. Queira-se ou n�o, tal complac�ncia equivale a endossar esta forma de ataque. J� vimos este filme outras vezes.
Que a oposi��o se cale do alto do muro, no Brasil ou na Sardenha, at� se compreende. Mas soa injustific�vel autoridades tergiversarem sobre a gravidade do ocorrido. "Jogar uma bomba caseira na sede do Instituto Lula � uma atitude que n�o condiz com a cultura de toler�ncia e de respeito � diversidade do povo brasileiro", reagiu a presidente Dilma pelo... Twitter! O ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, conseguiu ser mais pat�tico: "Tudo � considerado quando temos um fato sob investiga��o. A pol�cia agir� para apurar o que ocorreu, pois � uma situa��o que merece uma investiga��o e, quando se pegar o autor, ser� necess�rio punir". N�o diga.
Inexplicavelmente, o assunto foi entregue � Pol�cia Civil de S�o Paulo, conhecida pelos �ndices raqu�ticos de solu��o de casos. Nos bastidores, diz-se que a hip�tese mais forte aponta para "baderneiros". Por que meros baderneiros resolveram atacar o escrit�rio de um ex-presidente da Rep�blica em vez do Museu do Ipiranga, que fica ao lado, parece um mist�rio f�cil de decifrar –menos para o ministro da Justi�a. Cad� a Pol�cia Federal, considerando que se trata de um caso envolvendo um ex-presidente?
O Brasil vive uma luta pol�tica. A sa�da mais tr�gica � minimizar fatos relevantes invocando toler�ncia, diversidade ou obviedades do tipo "tudo ser� investigado". Se os pr�prios agredidos temem se defender e chamar as coisas pelo nome, o que est� ruim s� pode ficar pior.
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