Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Conspira��o n�o entra em recesso
Esta Folha (14/07) noticiou um fato da maior gravidade. Na resid�ncia oficial da Presid�ncia da C�mara dos Deputados, o chefe da Casa, Eduardo Cunha, dividiu o "breakfast" com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o impag�vel Paulinho da For�a, do partido Solidariedade. Al�m de guloseimas habituais, constou do card�pio nada menos que o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Boquirroto como sempre, Gilmar confirmou o debate sobre o assunto. "Ele [Cunha] falou dos problemas de impeachment, esses cen�rios todos". Perguntados pela reportagem, Paulinho da For�a e o presidente da C�mara tergiversaram, sem convencer. O texto afirma que o deputado do Solidariedade especulou que a derrubada da presidente (pois � disso que se trata) sup�e um acordo entre Eduardo Cunha, o vice Michel Temer, Renan Calheiros, chefe do Senado, e o presidente do PSDB, A�cio Neves.
Se isto n�o � conspira��o, � bom tirar a palavra do dicion�rio. Que diabo pode representar a reuni�o entre o terceiro nome da linha de sucess�o do Planalto, um ministro da mais alta corte da Justi�a e um parlamentar advers�rio obsessivo do governo –os tr�s para discutir a deposi��o de uma presidente eleita?
A qualidade dos interlocutores dissipa d�vidas. A capivara � geral. O presidente da C�mara, de curr�culo mais do que suspeito, foi acusado de embolsar milh�es de d�lares em negociatas. O ministro Gilmar, dono de um prontu�rio de atitudes controversas, � conhecido por travar o fim do financiamento empresarial nas elei��es.
A presen�a de Paulinho da For�a mostra-se t�o ex�tica quanto reveladora. Ex�tica porque se desconhece, pelo menos em p�blico, qual credencial do insignificante Solidariedade para participar no col�quio. A contribui��o mais relevante da legenda vem sendo a de responder "impeachment" a qualquer quest�o do cen�rio pol�tico.
Reveladora quando se sabe que o ex-sindicalista protagoniza v�rios processos e membros do seu grupo est�o enrolados at� o pesco�o na Lava Jato. Detalhe: o partido destacou-se como o �nico a soltar nota de solidariedade, sem trocadilho, ao pronunciamento destemperado de Eduardo Cunha ap�s ser acusado de benefici�rio da corrup��o. Nem a legenda dele, PMDB, atreveu-se a tanto.
Nesse clima, nenhum recesso parlamentar coloca tropas em descanso. A coisa � bem maior. Na verdade, a conspira��o sempre prefere trabalhar � sorrelfa. Limites constitucionais, veleidades jur�dicas e direitos elementares mais atrapalham do que ajudam num cen�rio de vale tudo.
As den�ncias contra o ex-presidente Lula trazem novo exemplo. V�o das baixarias das "nove digitais" esgrimidas num documento tucano at� acusa��es de... ajudar a expandir neg�cios do Brasil no exterior quando j� havia deixado o cargo p�blico! Por causa disso, Lula virou alvo de a��o estimulada por um procurador not�rio pela campanha nas redes sociais contra o PT; e por outro que tem mais de 200 ocorr�ncias de neglig�ncia no exerc�cio da fun��o. J� a fundamenta��o judicial nem zero tiraria em reda��o de vestibular.
Quem vai assumir a responsabilidade por tanta irresponsabilidade? A sensa��o � a de um conjunto de for�as sem lideran�a. Sua �nica bandeira parece ser Delenda est PT. Em torno dela, cada um opera a seu bel prazer –Sergio Moro, Rodrigo Janot, procuradores excitados, Pol�cia Federal desgovernada, parlamentares paroquiais– tudo isso diante de um governo entre at�nito e preocupado, mas sem iniciativa face � degrada��o das condi��es de vida da maioria. Cabe lembrar: nem sempre do caos nasce a ordem.
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