Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Escurid�o no fim do t�nel
Agora ficou mais interessante. As pris�es dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez conferem uma melhor dimens�o do apodrecimento do "pacto" que h� s�culos emperra o crescimento do Brasil.
Registre-se, a prop�sito, que a opera��o seguiu o roteiro agente 86 t�o a gosto do juiz S�rgio Moro. Na exposi��o de motivos para encarcerar os milion�rios, pode-se ler frases como "n�o � poss�vel afirmar, nem afastar" a possibilidade de que terceiros podem ter pago algo "que se constitui em pagamento de propinas". Alega, ainda, por antecipa��o, a possibilidade de delitos numa licita��o que nem sequer aconteceu!
A mesma pe�a (no sentido amplo) faz refer�ncia a um email supostamente enviado ao presidente da Odebrecht. N�o h� not�cia da resposta; em Londrina isso n�o faz diferen�a. Imagine a situa��o: um sujeito entra numa lan house, monta um perfil num portal qualquer e passa a disparar mensagens. Por exemplo: "Caro S�rgio, tudo acertado. Os p�s de alface combinados ser�o entregues em breve. S�o tenros e verdes do jeito que voc� queria. Sempre na caixa, como encomendado. N�o se preocupe que a planta��o � grande. Lembran�as ao Beto pelo bom trabalho."
O e-mail acima � fict�cio. At� por isso inexiste reply do destinat�rio. Mas vaza propositalmente. Um investigador astuto da turma de intoc�veis poderia dizer: Bingo! S�rgio � o juiz Moro, alfaces s�o d�lares, o pagamento � em cash e h� muito mais em estoque. Beto, claro, � aquele famoso doleiro premiado. Caso resolvido. S� falta mandar prender algu�m.
Isso quer dizer que o pessoal do cimento � inocente? Jamais. Mostra apenas que a Justi�a pode ser manipulada ao sabor do momento, como arma pol�tica em vez de instrumento de apura��o da verdade.
Mais importante. As sucessivas acusa��es de envolvimento da plutocracia com o Estado exp�em uma rela��o secular; variam os protagonistas. Marcelo Odebrecht, por exemplo, cerca de um m�s antes de ser preso, era festejado em convescotes com Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff.
Vamos al�m: com o esc�ndalo da Fifa, bar�es da m�dia sobem ao palco de suspeitos de roubalheira generalizada e fingem que n�o t�m nada a ver com isso. Quer mais? Grandes bancos, dia sim, outro tamb�m, aparecem na berlinda de malfeitos. �s vezes como escoadouros de sonega��o internacional, outras como pagadores de propina a agentes da Receita para burlar o pagamento de impostos. Belos exemplos da nossa prezada elite.
A lista, na verdade, � intermin�vel. A cada enxadada, uma minhoca. Erra, no entanto, quem pensa ser suficiente um Torquemada tabajara para debelar o assalto ao er�rio. Em quest�o est� o sistema que propicia a prolifera��o da rapinagem. M� not�cia: no fim deste t�nel por enquanto surge apenas o breu, a escurid�o.
PEGO NA MENTIRA
"O governo federal usa recursos da Caixa Econ�mica Federal para o pagamento de benef�cios sociais desde o governo Fernando Henrique (1995-2002), mas foi no governo Dilma Rousseff que a pr�tica aumentou de maneira mais acentuada". (texto de manchete da Folha, 26/04/2015).
Com base na s�rie hist�rica, o Tribunal de Contas da Uni�o decidiu iniciar um movimento de press�o sobre o Planalto. Deduz-se que o problema n�o s�o as chamadas pedaladas fiscais, mas seu uso "mais acentuado". Ou ent�o quem ocupa o cargo quando o expediente � utilizado.
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