Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Por que as novelas fracassam
Crise na dramaturgia. � o tema de momento entre executivos preocupados com o Ibope cadente de novelas em cartaz. Com uma ou outra exce��o –como as intermin�veis repeti��es de enredos de outrora–, o fantasma ronda todas as emissoras.
Arrisco uma explica��o, al�m daquelas que especialistas no assunto reverberam na m�dia. A vida real tem sido muito mais impactante para quem procura o ex�tico, o inusitado, o imprevis�vel, o absurdo.
Que roteirista pensaria num enredo em que um cachorro vira celebridade e recebe medalha da mais importante C�mara Municipal do Brasil? Os animais t�m seu valor, ningu�m pode negar. Mas ser� que os distintos vereadores n�o t�m algo mais importante a fazer quando milhares de humanos moram debaixo de sacos de lixo, outros tantos tentam se proteger do frio com caixas de papel�o e imigrantes usam �gua de urin�is para tomar banho?
T�m sim. Discutir o futuro do foie gras. Uma das pol�micas do momento da maior cidade do pa�s � saber se o prefeito de S�o Paulo vai ou n�o vetar a venda do produto. Afinal, precisamos salvar os patos de pr�ticas imemoriais. Algu�m � a favor de machucar bichinhos? Claro que n�o. Mas quando um assunto como este transforma-se em tema efervescente, entende-se por que macacos muitas vezes sentem vergonha alheia ao ver no que deu a evolu��o das esp�cies.
Justi�a seja feita, n�o se trata de privil�gio paulistano. Em Bras�lia o script � tanto ou mais criativo. Entre outras extravag�ncias, o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha, insiste em gastar fortunas para construir um anexo estilo Dubai. A alega��o: falta espa�o. H� parlamentares demais e lugares de menos (n�o seria o contr�rio?...). Que tal um shopping center para completar o projeto? Parece mentira, mas � isso que ocupa parte importante do debate parlamentar. Passa ao largo dessa turma que o problema do Congresso Nacional n�o � de metragem de gabinetes, mas de disposi��o, coragem e preocupa��o social para enfrentar os problemas do eleitor que ele diz representar.
Atravessar a rua renova decep��es. Somos informados, com direito � transmiss�o ao vivo, de que os gastos federais sofrer�o um corte daqueles. Investimentos e despesas sociais, calculam os entendidos, ser�o os mais afetados. Or�amentos, todos sabem, s�o sempre pe�as de fic��o. Mas vale o simbolismo. � como se o governo estivesse pedindo desculpas ao pessoal da banca por ter mantido a salvo programas que amenizaram os efeitos da ciranda financeira sobre os trabalhadores.
Ora, o imposto sobre o lucro dos bancos subiu. Sim, cresceu. Detalhe: comparado ao que esse pessoal fatura a cada escalada da taxa de juros –que o Banco Central promete continuar–, a eleva��o da CSLL nem c�cegas faz. No m�ximo provoca uma troca da safra do vinho no jantar.
J� uma previs�o de encolhimento de tudo o que o Brasil produz representa uma enorme diferen�a. O ministro do Planejamento anuncia o n�mero como prova de "transpar�ncia". A maioria que n�o toma vinho esperava algum plano ousado para evitar o retrocesso. O Planalto, no entanto, j� decidiu que o pa�s vai andar para tr�s. Jogou a toalha antes de entrar em campo. Haja resfriado.
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