Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Onde mora o perigo
Bom dia! Como est� o seu caf� da manh�? A manteiga j� deu lugar � velha margarina? Os planos de viajar nas f�rias est�o de p�? A conta de luz subiu assustadoramente? A faculdade do filho ficou invi�vel por falta de financiamento?
J� sei: casa pr�pria, agora s� para os netos; est� cada vez mais dif�cil conseguir empr�stimo.
Cart�o de cr�dito, nem pensar. Com esses juros que n�o cessam de subir, o neg�cio � apertar o cinto. At� o bilhete da loteria ficou mais caro, e o pr�mio emagreceu.
Mais do que a indica��o de um novo nome para o Supremo Tribunal Federal, a conquista de votos para apertar o garrote nos gastos p�blicos e as negocia��es para segundo, terceiro e quarto escal�es –mais do que tudo isso, as condi��es de vida da maioria esmagadora da popula��o deveriam ocupar a agenda de quem se credencia a governar o Brasil.
N�o � o que se v�.
A cada momento, uma nova m� not�cia � oferecida ao p�blico que esperava dias melhores. Os juros decolam.
O Fies definha. Enquanto o desemprego cresce, as regras de prote��o aos demitidos tornam-se mais severas.
O sonho de comprar im�vel vira pesadelo com as novas taxas da Caixa Econ�mica e do Banco do Brasil. Minha Casa, Minha Vida atualmente vale tanto quanto um slogan eleitoral de ocasi�o, e nada mais do que isso.
As demiss�es v�m a galope. O p� no freio das montadoras indica um efeito domin� que n�o se sabe onde vai parar.
A crise na Petrobras engessa uma parte significativa do PIB nacional; � como se a sede do Minist�rio da Fazenda tivesse se transferido de Bras�lia para o Paran�.
E o governo de turno assiste a tudo isso com uma mistura de emp�fia e desorienta��o. Cancela pronunciamentos em dias-chave, vide o 1� de Maio, foge de cerim�nias oficiais como prisioneiro em um bunker, evita contato com o povo.
Ah, mas a propaganda na televis�o pode resolver o problema.
N�o se sabe se � o caso de chorar ou de rir, ou de chorar de tanto rir. Nem uma palavra sobre a distribui��o justa do �nus de uma crise mundial que atinge o conjunto do planeta. Como sempre, a conta � espetada no lombo dos trabalhadores.
Coincid�ncia ou n�o, na mesma �poca somos informados dos resultados dos principais bancos do pa�s.
O Ita� Unibanco registrou lucro l�quido de R$ 5,733 bilh�es no primeiro trimestre deste ano. O ganho � recorde para o per�odo levando em conta o resultado dos bancos brasileiros, segundo a consultoria Econom�tica.
Um pouco antes, o Bradesco anunciou ter fechado o primeiro trimestre de 2015 com lucro l�quido de R$ 4,244 bilh�es, 6,3% acima do resultado do quarto trimestre de 2014 e 23,3% maior que o mesmo per�odo do ano passado.
Os trabalhadores penam, a ind�stria resmunga, o com�rcio reclama. J� o capital financeiro comemora. Ser� que � t�o dif�cil saber de onde tirar?
PARA INGL�S VER
A elite conservadora festejou a vit�ria de David Cameron no Reino Unido.
Seria a prova de que a redu��o de gastos p�blicos e o corte de direitos sociais mostram o caminho da reden��o.
Detalhe: a renda m�dia da popula��o caiu 2,4% entre 2010 e 2014, ficando abaixo do patamar de antes da crise de 2008!
Quem perdeu mesmo foram os institutos de pesquisa e a incompet�ncia da oposi��o.
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