Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
O PT de volta ao div�
De tempos em tempos, assim como reforma pol�tica, reforma ministerial, reforma tribut�ria, o destino do PT emerge como assunto de destaque. Com o 5� congresso marcado para junho e em meio a um tiroteio pol�tico generalizado, volta-se a falar em refunda��o, alian�a com movimentos sociais e at� a cria��o de "puxadinhos" tipo Frente Ampla do Uruguai.
Fala-se de tudo, menos do essencial. Com base em que propostas, em que projeto social vai repousar esta reformula��o? Eis o ponto.
O problema do PT, decididamente, n�o � organizativo. Est� longe dos movimentos sociais? Sim, est�, mas � ilus�o culpar erros administrativos. Deixou de dialogar com os setores trabalhistas e oper�rios? Evidente, mas o motivo n�o � uma quest�o de comunica��o. Afastou-se dos sem-teto, da juventude que saiu �s ruas, da classe m�dia? Basta olhar os fatos.
Pergunte aos militantes petistas qual programa seguem. "A favor dos pobres", dir�o –mesmo porque nem o dirigente mais aguerrido saber� descrever quatro ou cinco pontos espec�ficos da plataforma do partido.
O certo � que n�o d� para defender a maioria recorrendo ao instrumental da minoria.
Concebido como representante de trabalhadores, o PT pouco a pouco tem abandonado sua ess�ncia. De banc�rio, arrisca-se a virar banqueiro, a ponto de hoje ocupar as manchetes como paladino do super�vit prim�rio, do corte de benef�cios sociais, do encolhimento de recursos para a educa��o. S� falta imprimir as propostas em ingl�s. Isso para n�o citar os tent�culos expostos na �rea da corrup��o.
A inapet�ncia do PT, sem inten��o de trocadilho, salta aos olhos. S�o Paulo sofre com a falta d'�gua, vive uma epidemia de dengue e assiste a uma nova greve de professores. Onde est� o PT?
O m�ximo que se v� � sua principal figura no Estado, o prefeito paulistano, preocupado em travar uma batalha de morte por...ciclovias. Nada contra elas, assim como muitos poucos ser�o a favor da destrui��o da camada de oz�nio ou da proibi��o de pasta de dente. Mas transformar isto em bandeira de governo numa capital de tamanhas car�ncias revela, como diria o povo, falta de senso de no��o.
No plano federal, a mesma coisa. Al�m do caso Petrobras, o partido submete-se a um papel secund�rio, de coadjuvante, tamb�m frente a esc�ndalos como a lista do HSBC e a recente Opera��o Zelotes. Ambas provam que o Brasil, tido como um dos campe�es de carga tribut�ria, revela-se, na verdade, imbat�vel na sonega��o de impostos.
S� na Zelotes, calcula-se um preju�zo de quase 6 bilh�es de reais para o Tesouro –valor tr�s vezes maior que o indicado pelo Minist�rio P�blico na Opera��o Lava Jato. Repita-se: tr�s vezes maior.
Os jornalistas F�bio Fabrini e Andreza Matais, de "O Estado de S. Paulo", deram a lista de alguns acusados: Santander, Bradesco, Ford, Gerdau, Safra, RBS, Camargo Corr�a e outros nomes de calibre parecido. Onde est�o o governo do PT e o ministro da Fazenda que ele nomeou? Em vez de atacar os peixes gra�dos, os emiss�rios do Planalto mendigam votos no Congresso para encolher pens�es de vi�vas, cortar bolsas de universit�rios e onerar desempregados.
Para fazer este trabalho, convenhamos, j� h� legendas de sobra na paisagem nacional.
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