Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Seta � esquerda, caminho � direita
Parece paradoxal, mas quanto mais se aprofunda a investiga��o sobre a Petrobras, mais o PT ganha m�sculos para tentar se manter vivo. Resta saber se ele quer –e pode– seguir este caminho.
Seis de fevereiro de 2015. Neste dia, praticamente todos os jornais do pa�s estamparam na manchete que o PT teria recebido US$ 200 milh�es de propina em dez anos. A afirma��o vinha do ex-gerente da estatal Pedro Barusco, o showman da moda na Lava Jato, My Way ou outro nome qualquer.
Conforme somos informados, o depoimento de Barusco, um doente terminal, foi colhido em 20 de novembro de 2014. Por que veio a p�blico apenas agora cabe � turma do juiz S�rgio Moro explicar.
O mais intrigante n�o � isso. Nas p�ginas internas dos jornais, a salvo as manchetes, deparamos com outras declara��es de Barusco. "Afirma que come�ou a receber propina em 1997 ou 1998 da empresa holandesa SBM, enquanto ocupava cargo de gerente de tecnologia de instala��es, no �mbito da diretoria de Explora��o e Produ��o (...) Sendo uma iniciativa que surgiu de ambos os lados e se tornou sistem�tica no segundo contrato (...) firmado entre a SBM e a Petrobras no ano 2000." (Folha, p�g. A8, 6/2).
Barusco nada mais faz do que afirmar: o esquema da Petrobras � velho de guerra. Ali�s, foi facilitado por uma lei de 1998. "Esse modelo de concorr�ncia passou a ser usado a partir de 1998, ap�s o fim do monop�lio do petr�leo, quando um decreto livrou a estatal da lei de licita��es que rege o setor p�blico.
A inten��o era dar mais agilidade � companhia para enfrentar concorrentes. Uma das inova��es foi a licita��o por convite, na qual a Petrobras n�o � obrigada a divulgar edital nem a aceitar propostas de qualquer interessado. Ela decide quem pode se candidatar. Depoimentos das dela��es premiadas de Pedro Barusco, ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, e de Augusto Mendon�a, executivo da Setal, revelados na semana passada, apontam que o uso desse tipo de licita��o fortaleceu o cartel que direcionava licita��es e superfaturava contratos, segundo as investiga��es". ("O Globo", 8/2).
Nem � preciso um calend�rio para saber quem governava o pa�s nos momentos citados por Barusco. De tudo o que ele supostamente falou, descontando os interesses na dela��o premiada, fica a evid�ncia de que a Petrobras sempre foi alvo de um esquema combinando cobi�a do grande empresariado e os pol�ticos/executivos de turno. A roda da fortuna, como lembra a reportagem acima, foi azeitada em 1998. O PT assumiu o governo em 2002...
Nada disso isenta o partido no poder de acusa��es que, se comprovadas, merecem uma justa puni��o nos tribunais. Situam, no entanto, a extens�o dos delitos pelo tempo e seus personagens.
O que est� em quest�o, quanto mais o juiz Moro extravasa na cenografia, � a rela��o prom�scua hist�rica entre os donos do dinheiro e o aparelho estatal. O PT tem responsabilidade pela falta de coragem, ou vontade, de romper com este c�rculo vicioso. Ao mesmo tempo, as provas de que o esquema envolve "todo o mundo" mant�m Dilma acima da linha d'�gua.
Por quanto tempo? N�o h� resposta para esta pergunta. Mas de nada adiantam discursos inflamados de Lula convocando militantes a reagir enquanto o governo que ele defende, desde a reelei��o de 2014, s� tem feito atacar conquistas do povo humilde. Seta � esquerda e rumo � direita: eis uma mistura que n�o costuma dar certo.
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