Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Nada resolvido
As elei��es em primeiro turno confirmaram a dianteira do PT. Os n�meros variaram, ao sabor de cada instituto de pesquisa. Mas, no atacado das urnas, a hegemonia do partido de Lula revelou-se ineg�vel.
A aventura Marina Silva mostrou o que era desde o in�cio: uma aventura. A convers�o da ex-ambientalista � elite financeira custou � candidata a perda de seu capital de credibilidade. Entre ela e A�cio, a banca preferiu apostar no capataz conhecido, aquele que tem a chave do aeroporto.
A desgra�a para o tucano � a derrota no seu quintal. Sua vitrine desmoronou. Minas Gerais, o Estado do celebrado choque de gest�o, de �ndices positivos falsamente inflados, de uma imprensa servil e garroteada, resolveu se libertar. O paradoxo � evidente: chegando ao segundo turno no plano nacional, A�cio tem contra si um rev�s acachapante em sua terra natal.
Grave em qualquer circunst�ncia, o cen�rio � ainda pior considerando o que � o PSDB. Trata-se de um partido de caciques, que costuma escolher seus candidatos em regabofes de restaurantes de luxo. A guerra de dossi�s entre A�cio e Serra em elei��es pregressas virou at� livro. E a animosidade entre o mineiro e o paulista Alckmin chega a ser conversa de botequim. Esperar uma unidade do partido no segundo turno � como apostar na apari��o de fadas e duendes numa tarde de arco-�ris.
Conclui-se ent�o que a fatura est� liquidada para o PT? Nada mais equivocado. Dilma pode comemorar a lideran�a, mas os sinais de alarme n�o param de tocar. Os n�meros evidenciam que o governo est� devendo um conjunto de propostas capaz de convencer o eleitorado de que pode ir al�m do que j� foi. Muitas vezes, a sensa��o � a de que a administra��o petista faz mais do que queria, mas muito menos do que devia. Isso fruto de uma pol�tica de alian�as que trava medidas de maior alcance social.
A prop�sito, vale a pena prestar aten��o em an�lises como a de Neil Irwin sobre o panorama global, publicada na edi��o do "New York Times" distribu�da junto com esta Folha no �ltimo dia 30 de setembro:
"H� um acordo impl�cito nas democracias modernas: tudo bem que os ricos e poderosos desfrutem de jatos particulares e casas extraordinariamente caras, desde que o resto da popula��o tamb�m tenha um aumento consistente do seu padr�o de vida. Mas s� a primeira parte do trato vem sendo cumprida, e os eleitores est�o expressando sua frustra��o de maneiras que variam de acordo com o pa�s".
� previs�vel aguardar nas pr�ximas semanas a luta acirrada entre projetos diametralmente opostos. Os tucanos n�o ir�o economizar muni��o para derrubar o PT. Esse � o objetivo confesso do PSDB, reiterado � exaust�o pelo "cardeal dos cardeais", o ex-presidente FHC. E nisso vale tudo. Se entre os partid�rios A�cio e Serra, por exemplo, houve uma chuva de den�ncias de fogo amigo, imagine-se contra Dilma num ambiente de dela��es premiadas.
Contra isso, o PT tem mais do que argumentos. Al�m de alguns avan�os sociais, o fato de que, durante a gest�o tucana, as suspeitas contra a Petrobras resultaram num processo que, como todos se lembram, levou � morte de um jornalista e � impunidade dos criminosos. Agora, tais den�ncias s�o alvo de investiga��o. Mas n�o basta. Cabe a Dilma deixar bem mais claro o que pretende fazer num pr�ximo mandato. A pol�tica, como os eleitores, detesta o vazio.
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