Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Vazamento premiado e o fator Youssef
Novembro/dezembro de 1989: com a possibilidade de um candidato metal�rgico chegar ao poder, a elite dominante se uniu para fechar a porta do Planalto. A empreitada produziu momentos inesquec�veis da baixaria eleitoral.
Primeiro foram atr�s de uma ex-mulher de Lula para "acus�-lo" de defender o aborto. N�o bastou. Com a ajuda da pol�cia paulista, o sequestro do empres�rio Abilio Diniz foi atribu�do a grupos internacionais supostamente simp�ticos ao PT. Fotografias de sequestradores com a camiseta do partido circularam sorrateiramente, de prefer�ncia nem tanto.
Tamb�m era pouco. Faltava a televis�o. Numa edi��o que o ent�o diretor de jornalismo da TV Globo, Armando Nogueira, admitiu anos depois ter sido enviesada, o debate entre Lula e Collor carregou nas tintas em favor do autointitulado ca�ador de maraj�s. Para fechar o cerco, den�ncias de fraude em massa na Bahia foram sufocadas para selar a vit�ria de Collor. O resto � de todos conhecido.
Setembro/outubro de 2014: numa sucess�o galopante, "den�ncias" e mais "den�ncias" aparecem para tentar provar que o governo petista n�o passa de uma quadrilha de saqueadores. A origem s�o as tais dela��es premiadas, diante das quais dispensam-se provas ou evid�ncias cabais. O r�u fala o que quiser, e seria um sinal de retardo mental acreditar que v� falar algo em seu preju�zo.
Basta ver as reportagens. Os verbos mais usados s�o indicam, sugerem, sup�em, fazem crer, sinalizam –tudo com muito cuidado para, ao mesmo tempo, espalhar a d�vida e escapar de processos. Chega-se ao ponto de acusar o ex-ministro Antonio Palocci de pedir a doleiros recursos para a campanha de Dilma. Mas a mesma reportagem reconhece n�o haver provas de que o dinheiro jorrou. Lembra aquela outra pe�a de fic��o, assinada por um hoje influente assessor de governo tucano, que acusava petistas de ganhar por fora, mas declarava, ao mesmo tempo, n�o ter condi��o de confirmar ou desmentir as pr�prias afirma��es transformadas em capa! Nota: nada foi comprovado.
O clima agora � parecido, mas os personagens atrapalham a oposi��o. O frisson do momento � a dela��o premiada de Alberto Youssef. Mas quem � Youssef? Um mergulho num passado n�o t�o distante mostra que ele foi um dos doleiros usados pelo ent�o operador do caixa do PSDB, Ricardo S�rgio, para "externalizar", num linguajar ao gosto da legenda, propinas da privatiza��o selvagem dos anos 1990.
Youssef � velho de guerra tanto em delitos com em dela��o premiada. J� fez uma em 2004, na �poca da CPI do Banestado, quando se comprometeu a nunca mais sair da linha. O tamanho de sua confiabilidade aparece em sua situa��o atual. Est� preso de novo. Quem diz � o Minist�rio P�blico: "Mesmo tendo feito termo de colabora��o com a Justi�a (...), voltou a delinquir, indicando que transformou o crime em verdadeiro meio de vida." � num sujeito com tal reputa��o que oposicionistas apostam suas fichas.
Resumo da �pera: sem investiga��o a fundo, nada vale. Espera-se que a esdr�xula teoria do dom�nio do fato tenha sido enterrada na gest�o Joaquim Barbosa, atualmente mais preocupado com tarifas telef�nicas. Goste-se ou n�o, o bueiro escavado em governos pregressos e nas privatiza��es feitas no "limite da irresponsabilidade" est� sendo aberto pelas administra��es petistas. Talvez por isso Dilma tenha deslanchado nas pesquisas, enquanto Marina e A�cio (com aquele ar de falsa virgem j� in�meras vezes deflorada) patinam nas inten��es de voto.
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