Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
A terra do lucro animal
Vejam esses n�meros a respeito de um certo pa�s. O lucro l�quido somado de 362 empresas de capital aberto cresceu, no segundo trimestre de 2014, 11,46% com rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Subiu de cerca de R$ 35 bilh�es para R$ 39,3 bilh�es.
Se as empresas estatais sa�rem do c�lculo, as cifras s�o mais impressionantes. Na compara��o dos mesmos per�odos, os valores avan�aram de R$ 21,4 bilh�es em 2013 para R$ 31,6 bilh�es neste ano, um salto de 47,58%!
Os dados s�o de uma consultoria respeitada, a Econom�tica. Referem-se, isso mesmo, ao Brasil. Estat�stica de consultor, bem entendido, n�o � artigo propriamente em alta. Mas isso sobretudo quando o assunto s�o previs�es.
� a� que o pessoal costuma se esborrachar feio. No caso, por�m, n�o se trata de proje��es. Estamos diante de n�meros realizados, contabilizados e divulgados. Dinheiro que j� entrou no bolso, limpinho, limpinho (�s vezes nem tanto...)
Virou chav�o nos �ltimos tempos reclamar da perda do chamado esp�rito animal do empresariado. A culpa geralmente � lan�ada na conta do governo: n�o dialoga com os magnatas, muda regras toda hora, interv�m demais, gasta muito com programas assistenciais.
Bem, mesmo nesse cen�rio pintado com cores sombrias, de um ano para o outro o lucro das companhias com a��es negociadas em bolsa disparou quase 50%! Haja voracidade animal. Ou seja, as coisas n�o se encaixam. Ganha um cart�o de cr�dito com juros decentes o assalariado que conheceu salto t�o espetacular no holerite. Nem � preciso lembrar que, na �rea privada, o setor financeiro lidera o ranking da fortuna.
N�meros assim, que nem s�o novos, mas permanecem quase escondidos, colocam o debate num patamar mais honesto. O objetivo n�o � ocultar problemas; eles s�o muitos e reais. Por exemplo: o crescimento do pa�s, na medida cl�ssica, o PIB, vem patinando.
Como a pr�pria Folha nos informou, em manchete neste domingo, o esfriamento se alastra pelos emergentes como um todo, "da R�ssia ao Chile". Queira-se ou n�o, o mundo inteiro ainda sofre os efeitos devastadores do crash de 2008.
A grande proeza brasileira � ter, apesar de tudo, conseguido estabilizar o emprego em n�veis civilizados, custear programas sociais de resultado indiscut�vel e, como se percebe na ponta do l�pis, manter as empresas muit�ssimo bem, obrigadas.
Algum desavisado vindo de fora nos dias recentes deve pensar que haver� em outubro elei��es para entidade empresarial. Motivo: o mote mais difundido por uma parte da m�dia � a pretensa necessidade de acalmar mercados.
Presa dessa ilus�o depois de transformada em candidata competitiva, Marina Silva corre para decorar o script. Nomeou uma banqueira como fiadora e se mostra disposta a alargar alian�as al�m das fronteiras antes sustent�veis, ou suport�veis, pela sua Rede. At� agora n�o entusiasmou nem gregos, nem troianos. Apenas piorou o humor de seu rival na oposi��o.
� um jogo de alto risco. A for�a eleitoral de Marina vem justamente do seu lado outsider. Ao mesmo tempo, esta � sua fraqueza junto ao establishment. Voc� imagina um empreiteiro doando fundos para uma candidata advers�ria de hidrel�tricas?
Bem, nada parece imposs�vel num pa�s onde um pol�tico como Jos� Roberto Arruda, mentiroso confesso e corrupto not�rio, flagrado em �udio e v�deo, lidera inten��es de voto em seu quadrado.
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