Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Aonde vai Marina
Na sequ�ncia imediata de eventos como a morte de Eduardo Campos, poucas certezas se imp�em. J� as inc�gnitas se multiplicam. Qualquer enquete ou pesquisa feita "� quente" sob o impacto do desastre a�reo ser� de pouca serventia. O efeito da como��o causada pelo acidente inevitavelmente ter� um peso significativo, o que torna os n�meros descart�veis em termos de previs�es do cen�rio pol�tico.
Nem sempre � assim. Um de tantos exemplos: em 1988, a morte de tr�s grevistas em Volta Redonda (em novembro) impulsionou a vit�ria de v�rios candidatos do PT em prefeituras, inclusive o triunfo de Luiza Erundina em S�o Paulo. Diferen�as cruciais: embora sem a proje��o de um pol�tico presidenci�vel, as tr�s v�timas morreram num conflito sindical e a poucos dias do pleito. Agora, o prazo que separa a trag�dia de Santos do dia da elei��o presidencial � tempo suficiente para diluir o fator como��o.
Muita gente d� como favas contadas um segundo turno. Ser�? Sem pretender diminuir as qualidades de Eduardo Campos, o fato � que ele ainda engatinhava como lideran�a nacional. Nem sequer teve tempo de deixar um legado pol�tico expressivo, diferentemente do av� Miguel Arraes. E as �ltimas a��es do neto iam no sentido contr�rio da decantada novidade que dizia representar.
Campos patrocinou alian�as com Deus e o diabo em seu Estado e pelo pa�s afora. Para os correligion�rios, uma prova de "capacidade de articula��o", a velha desculpa para engavetar princ�pios em troca de dividendos na urna. Advers�rios e observadores tarimbados faziam uma leitura distinta. Identificaram nas atitudes do ex-governador apenas mais do mesmo oportunismo eleitoral prevalecente no Brasil.
Em termos program�ticos, Campos recorria �s generalidades de sempre. Espremida, a bandeira da terceira via resumia-se ao seguinte: se voc� est� cansado dos petistas e dos tucanos, vote no PSB. Depois a gente v� o que faz. Fora a situa��o esdr�xula de uma chapa em que a vice aparecia em pesquisas com mais que o dobro dos votos do candidato oficial.
Sobrou para Marina Silva. Impossibilitada de emplacar sua pr�pria legenda, adotou o PSB como uma esp�cie de barriga de aluguel. De repente virou a estrela da companhia. Mas, no curto tempo em que Rede e PSB j� conviveram, as fa�scas se espalharam. As alian�as regionais criaram um clima de atrito permanente (curiosidade: Marina e Alckmin v�o subir no mesmo palanque em S�o Paulo?). O discurso ambientalista da Rede viu-se confinado a um quadro moldado por valores coronelistas e interesses do grande agroneg�cio. N�o � � toa que muito "marineiro" de primeira hora n�o gostou do que viu e pulou fora do barco.
A personalidade de Marina Silva garantiu a ela, por um tempo, um papel singular na pol�tica nacional. Mas a candidata de 2014 n�o � a mesma de 2010, tampouco as circunst�ncias. Sua imagem de pureza, de integridade e de defensora intransigente de princ�pios foi bastante golpeada desde o compromisso com o PSB. A pr�pria Rede j� nascera como produto de uma maionese pol�tica, intelectual e financeira. Banqueiras, bilion�rios de cosm�ticos e economistas ortodoxos passaram a dividir sess�es de medita��o com a mo�ada sonh�tica, adoradores de bagres e gente bem intencionada � procura de rumo. Dif�cil saber o resultado desse emaranhado ideol�gico quando o assunto � dirigir um pa�s.
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