Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Os abutres nossos de cada dia
Costume nas campanhas pol�ticas, a saraivada de den�ncias contra candidatos e seus aliados, verdadeiros ou supostos, s� tende a aumentar.
Seu peso na m�dia n�o pode ser desprezado, assim como � um erro prim�rio amplificar o impacto que exercem sobre os cidad�os comuns -os eleitores.
A insist�ncia do PT em exorcizar uma analista de banco que fez proje��es sobre o cen�rio econ�mico associado �s elei��es � uma tolice completa. Qual o susto? A banca faz isso desde sempre, ou pelo menos desde que o mercado financeiro come�ou a subjugar pa�ses inteiros a seus des�gnios.
S� para ficar em eventos recentes, foi um movimento escancarado em 2008 e muito parecido com o que acontece hoje na Argentina.
Um juiz de Nova York, sozinho, coloca em xeque a na��o sob comando de Cristina Kirchner ao decidir a favor dos chamados "fundos abutres". Detalhe: tudo dentro da lei vigente.
Ou seja, o problema n�o � o juiz, mas a lei. Ent�o mude-se a lei. Ah, n�o, isso � muito radical, clamar�o as almas habituadas a povoar muros. Convoca-se ent�o a turma do deixa-disso para elaborar uma solu��o palat�vel -de prefer�ncia preservando quem em mais e cortando nova fatia dos que t�m menos.
Quando ataca proje��es de uma economista que nada faz mais do que o seu trabalho, o PT cai na mesma armadilha. Dispara contra a �rvore e esconde a floresta. Beira o rid�culo. Pense bem: qualquer cliente que vai a um guich� discutir investimentos est� interessado no cen�rio futuro.
Cada gerente vai defender a ladainha do dono. Cabe ao interlocutor acreditar ou n�o. S� n�o vale ser ot�rio a ponto de imaginar que institui��es financeiras viraram entidades filantr�picas.
Se o PT ou qualquer outro partido quiser ser entendido pelo povo quando fala do mercado financeiro, o discurso � completamente outro.
Falemos dos juros escorchantes cobrados nos empr�stimos, das taxas indecentes que vigoram nos cart�es de cr�dito, das tarifas que sobem ao bel-prazer de cada institui��o.
Situa��es bizarras se repetem a cada minuto. Quando um cliente quer quitar uma d�vida com desconto, � orientado a deixar de pagar algumas parcelas do empr�stimo contra�do. S� ent�o o banco vai se convencer de que � melhor receber alguma coisa do que nada e oferece um abatimento decente.
N�o adianta dizer que voc� quer liquidar o papagaio antes para se livrar dos encargos. Tudo isso em se sabendo que, na verdade, o banco j� ganhou muito dinheiro em cima de voc�, o eventual calote est� devidamente "precificado" e os lucros do pessoal do 1% encontram-se devidamente protegidos. Alguma proposta a respeito de problemas como estes?
S�o quest�es assim que incomodam quem trabalha e vive do sal�rio. Pouco adianta entrar em guerra de estat�sticas sobre o passado. Os n�meros n�o mentem; os homens, sim. E h� n�meros para todos os gostos e partidos. O que o povo quer saber � o que se projeta para o futuro.
A oposi��o sinaliza que a batata vai assar para p�r a casa em ordem do jeito deles, conhecido de todos. J� os governistas mant�m em segredo qual caminho pretendem trilhar. V�o aprofundar as medidas de corte social ou ir�o tentar indefinidamente, sem chance de sucesso, conciliar iniquidades e ganhos exorbitantes com a melhoria das condi��es de vida do povo? Pelo jeito, vamos ter que esperar o hor�rio eleitoral.
ORIENTE M�DIO
Sem nenhuma pretens�o de evitar ou esgotar um debate velho de d�cadas, recomendo aos interessados no assunto um v�deo � disposi��o na internet (assista abaixo).
Trata-se do depoimento do filho de um general israelense. Obviamente, cabe a cada um concordar ou discordar. Mas conhecer n�o faz mal a ningu�m.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade