Na Folha, foi editor de "Opini�o", da Primeira P�gina, editor-adjunto de "Mundo", secret�rio-assistente de Reda��o e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras fun��es.
Israel � aberra��o; os judeus, n�o
Inexiste solu��o para a crise do Oriente M�dio que n�o inclua o fim do Estado de Israel. A afirma��o � comprovada pela pr�pria hist�ria. Desde que foi criado, Israel tem sido protagonista de algumas das maiores atrocidades de que se t�m not�cia. N�o por acaso. Ele est� l� para isso.
Israel foi concebido no rearranjo entre as grandes pot�ncias que se seguiu � Segunda Guerra Mundial. � uma obra artificial, constru�da desde o in�cio com mortes, expuls�es, humilha��es e convuls�es. Os palestinos desalojados e tratados como cidad�os de segunda classe nunca deixaram de lutar contra a opress�o. Batalha ingl�ria. Tratou-se sempre, como atualmente, de um combate contra interesses muito maiores do que a extens�o geogr�fica da regi�o faz supor.
Sem o apoio pol�tico e material americano, Israel n�o duraria duas semanas. S� isso explica os anos e anos de conflitos anunciados e n�o resolvidos. Para a Casa Branca e seus aliados, a exist�ncia de Israel como um gendarme armado at� os dentes � pe�a fundamental no jogo pol�tico de uma regi�o estrat�gica e rica em recursos naturais, mas dif�cil de manter sob controle sem a manu militari de um regimento em prontid�o indefinida.
Os habitantes de Gaza, por exemplo, vivem em condi��es semelhantes �s de um dep�sito de corpos. Faltam medicamentos essenciais, o consumo de �gua � limitado a 80 litros por pessoa/dia (o padr�o da OMS � de no m�nimo 100 litros/dia). Energia el�trica? No m�ximo 12 horas a cada 24 horas. A ONU, central da hipocrisia diplom�tica internacional, limita-se a condena��es protocolares. Detalhe: sempre com o voto contr�rio dos Estados Unidos, como agora. Vamos falar s�rio: a favor de quem trabalha um organismo que v� um conflito deste tamanho durar quase 70 anos e n�o consegue adotar nenhuma resolu��o efetiva?
N�o custa lembrar: neste per�odo, o capital financeiro, tendo Washington � frente e aliados stalinistas como suporte, pintou e bordou no desrespeito a conven��es internacionais.
Conflito do Vietn�, invas�o do Panam�, Rep�blica Dominicana, esmagamento da Primavera de Praga, guerra do Afeganist�o, Opera��o Condor –exemplos n�o faltam. Vale lembrar a invas�o do Iraque como atestado de �bito, entre tantos outros, deste parlat�rio internacional sediado em Nova York. EUA e Gr�-Bretanha providenciaram um pretexto jamais provado –a prolifera��o de armas qu�micas– para deixar o pa�s numa situa��o ainda mais conturbada do que no tempo da ditadura sanguin�ria de Saddam Hussein.
O cen�rio � pessimista? �bvio que sim. A sucess�o de conflitos no Oriente M�dio s� tende a dificultar uma sa�da pac�fica, mantidas as regras do sistema vigente. A cada novo cad�ver, cresce o �dio na regi�o. A sa�da civilizada seria a constru��o de um Estado �nico onde �rabes e judeus convivam em harmonia. Utopia? Sim. Mas � prefer�vel apostar nela, lutar por ela, do que assistir ao flagelo permanente sem esperan�a.
A �TICA QUADR�PEDE
Da janela de meu apartamento (alugado), na fronteira de um shopping de S�o Paulo, Higien�polis, vejo fam�lias dormindo nas esquinas "protegidas" por caixas de papel�o e p�ginas de jornal. � pleno inverno. Eis que, na manh� seguinte, ao ler as not�cias do dia, sou informado de que um decorador badalado demitiu sua empregada. "Mandei embora a funcion�ria que colocou uma manta de cashmere na m�quina". De quem era a manta? De uma cadela chamada China. A descri��o do drama vale por um roteiro: "Aconteceu um desastre. A empregada colocou a manta Louis Vuitton na m�quina de lavar. Virou um capacho". Salve-se quem puder.
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