A Nova Zelândia fez em setembro 114 anos, o que significa que já não é propriamente nova. Provavelmente por causa de algum reacionarismo que costuma vir com a idade avançada, o país prepara-se para aprovar uma lei que impede os nascidos de 2008 em diante de comprarem tabaco.
Até fazerem 18 anos? Não. Para sempre. Quando um jovem nascido em 2008 fizer 80 anos, as pessoas de 81 poderão comprar tabaco, mas ele não. Ou seja, esta medida neozelandesa proporciona aos cidadãos a hipótese de, para todos os efeitos, terem uma mamãe até morrerem. Se um neozelandês for à tabacaria, a sua mamãe estará sempre lá a recomendar-lhe que não fume.
Os americanos experimentaram uma coisa parecida, no início do século 20. As suas mamães os proibiram de beber durante os 13 anos que durou a Lei Seca. Infelizmente, como nos lembramos, a mamãe de Al Capone não o proibiu de lucrar com o contrabando de bebidas. Muito menos gente morreu por causa do abuso do álcool; muito mais gente morreu por causa do crime organizado. Mas tenho a certeza de que todos os bandidos neozelandeses têm mamães muito mais rígidas.
Entretanto, uma pesquisa no Google por "mata mais que o tabaco" devolve 4.630 resultados. Alguns exemplos: poluição do ar mata mais que o tabaco, alertam cientistas; comer mal mata mais que o tabaco, dizem nutricionistas; o açúcar mata mais que o tabaco, segundo estudos recentes; o sedentarismo mata mais que o tabaco, de acordo com pesquisadores.
E também: o consumo excessivo de bebidas alcoólicas mata mais rápido do que o fumo, sugerem investigadores. É difícil, por isso, entender a razão pela qual o Estado neozelandês se preocupa mais com o tabaco do que com outros hábitos nocivos. O ideal seria proibir tudo. Beber álcool, viver em cidades com níveis elevados de poluição, comer batata frita e bolos —tudo proibido.
E tornar obrigatório o exercício físico. Se a Nova Zelândia quisesse ser verdadeiramente civilizada, forçaria os seus cidadãos a beberem água, a morarem no campo, a fazerem prova diária do consumo de saladas e estabeleceria um plano de treinos nacional, com comparecimento obrigatória na academia, todas as manhãs.
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