Renato Terra

Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

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Renato Terra

Rolex acima de tudo, Chopard acima de todos

Novas ideias para a comunicação bolsonarista

Augusto Nunes deu o tom de como será a comunicação bolsonarista: "As joias do Bolsonaro não pagam metade de um Fórum de Lisboa. As joias de Bolsonaro não pagam 1% das viagens do Lula e da Janja", disse o jornalista.

Ilustração colorida de um placar digital com números e um colar sobre fundo preto.
Débora Gonzales - Débora Gonzales/Folhapress

Jair, o próprio, publicou uma mensagem criticando a correção feita pela Polícia Federal do valor desviado. Deltan Dallagnol adotou o mesmo argumento e perguntou: "Será que agora os ‘inteligentinhos’ vão entender?"

Sugiro o desenvolvimento do raciocínio para que os inteligentinhos entendam. O próximo passo é instituir uma consumação mínima para corrupção. A Polícia Federal só vai investigar desvios acima de, sei lá, R$ 7 milhões.

Mas é preciso que a comunicação bolsonarista retome sua verve disruptiva para ganhar protagonismo nesse debate.

O caso mais gritante é a interpretação equivocada de que a expressão "selva" represente a anuência de Jair para a venda das joias num leilão. Nesse caso, sugiro que Ricardo Salles assuma a comunicação. Salles será responsável por esclarecer a ojeriza bolsonarista a todo tipo de bioma. "Selva" seria usado como repulsa ao leilão.

Caso a imprensa insista no tema diretamente com Jair, a sugestão é o confronto. "Fazer o quê? Eu não sou leiloeiro", seria a resposta adequada. Tarcísio de Freitas tem as ferramentas intelectuais para defender, conceitualmente, a privatização de joias sauditas. Para reverter de vez a pecha de genocida, a comunicação bolsonarista pode ressaltar o apreço da família Bolsonaro ao dinheiro vivo.

E o mais importante: é preciso mudar a narrativa para que se possa exaltar o comércio de joias. Do garimpo ilegal à sonegação fiscal, as joias são a imagem mais brilhante da pulsão bolsonarista. Nas redes sociais, um novo placar da vida mostra, em tempo real, quantas joias são extraídas de terras indígenas para gerar empregos na Suíça.

Para criar uma imagem direta e visual que se prenda ao imaginário popular, Bolsonaro e seus filhos podem trocar o gesto de fazer arminha com as mãos pelo polegar levantado. Basta recolher o indicador. Todos entenderão como um sinal de joinha.

E, por fim, quando a massa bolsonarista estiver defendendo o comércio de joias sauditas, o novo slogan de campanha para as eleições municipais pode ser: "Rolex acima de tudo, Chopard acima de todos".

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