Quem gosta de quadrinhos conhece Os Skrotinhos, criação do magistral Angeli inspirada no antigo Os Sobrinhos do Capitão. Surge agora uma releitura involuntária e sombria. Em cena, Os Escrotaços.
O que dizer da finesse de Jair Bolsonaro ao sair neste sabadão (2) acompanhado de um bando de barrigudos para comprar uma moto nova? À pergunta da repórter da Folha Talita Fernandes sobre se voltaria para casa pilotando a coisa, lascou: "Não, comprei a moto pra andar de barco".
Ahahahahahah, riso geral entre os sabujos, todos homens, a começar do ministro Luiz Eduardo Ramos.
Pela imbecilidade, o presidente pediu desculpas à repórter logo depois. O que não o impediu de postar o vídeo em suas redes sociais, sem as desculpas, para deleite da sua ala de apoiadores sem nenhuma noção.
Além do machismo repugnante, a reação embute a aversão ditatorial à imprensa independente e, exatamente por isso, incômoda. Bolsonaro sonha em fazer com esta Folha e com a TV Globo o que os seus ditadores do coração fizeram com o Correio da Manhã. Tenta minar fontes de recursos das empresas com ameaças a anunciantes e total desprezo pelo princípio constitucional da impessoalidade na gestão pública.
Por esses e outros veículos não lhe serem subservientes, como de forma ignominiosa outros tantos o são, macaqueia de novo Donald Trump e acusa-os, sem prova, de divulgar fake news --logo ele, um fecundo produtor de falsidades as mais sortidas.
Contra a escalada autoritária, multiplicam-se os lordes Chamberlains e Halifaxes a pregar conciliação e temperança com os que querem tudo menos conciliação e temperança. Outros manifestam repúdio, mas como diriam Roberto e Erasmo, cartas já não adiantam mais. "Leões patriotas", ameaça de novo AI-5, se a cruzada dos Escrotaços contra a democracia não encontrar reação concreta, nenhum limite mais haverá.
Bolsonaro falou em "canalhas" e "patifes" por 17 vezes na live-pistola das Arábias. Que a história os identifique e lhes preste o devido tributo.
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