Jorge Sampaoli queria tanto ser o técnico do Flamengo, que estudou e confidenciou a amigos o que pensa do futuro rubro-negro. Não quer reforços agora, porque treinará o melhor elenco do Brasil. Mas entende que será necessário rejuvenescer o grupo no decorrer deste ano e para a próxima temporada.
Jorge Desio, um de seus assistentes, que se afastou e pediu para não vir ao Rio de Janeiro para ficar na Argentina, próximo ao filho adolescente, sempre detalhou o modo de jogar do genial e genioso treinador recém-chegado à Gávea.
Diz que faz saída com três jogadores ou só com dois mais o goleiro, dependendo da forma como o adversário marca a saída de bola. Se o rival só tiver um atacante no combate, o goleiro Santos fará o papel de terceiro homem de passe. "Sempre com cinco no ataque", explicava Desio, enquanto estava no Atlético.
Há chance de usar Gérson dando amplitude pela esquerda, como fez no Olympique de Marselha com o atual volante do Flamengo.
Sua prática é ter a bola e atacar num 3-2-5 ou 2-3-5, como faz Guardiola, no Manchester City, ou Abel Ferreira, no Palmeiras.
O Brasileiro agora é um campeonato multifacetado, de treinadores de estilos e estratégias diferentes. O desenho tático é uma das variantes, a maneira de marcar é outra.
Sampaoli insistirá para que o Flamengo faça arrastões para recuperar a bola perto da área, em seu ataque, como nenhum outro faz no Brasil. Nem mesmo Jorge Jesus, que confessa, da Turquia, querer retornar para cá.
São dez treinadores estrangeiros, filosofias diversas, apesar de serem só três nacionalidades: dez brasileiros, sete portugueses, três argentinos. O Campeonato Inglês tem técnicos de oito nacionalidades, o espanhol tem de sete.
Sampaoli só conquistou torneios nacionais no Chile. Sabe que o Flamengo lhe dará essa possibilidade muito mais do que lhe ofereceram Santos e Atlético-MG, no Brasil, Olympique de Marselha, na França, e Sevilla, na Espanha.
Pensa assim porque conhece o elenco. Se olhasse apenas para a sequência de seis treinadores dispensados, quatro deles mediante pagamentos que custaram R$ 37 milhões em multas, o Flamengo não representaria uma oportunidade, mas um risco.
Como foi para Vítor Pereira, que só aceitou a Gávea porque não queria passar pelas críticas hoje apontadas para Fernando Lázaro. A lesão de Renato Augusto permitiu a escalação de Roger Guedes mais perto de Yuri Alberto, com Giuliano fechando o corredor esquerdo, para criar e marcar.
Giuliano foi substituído, machucado, aos 39 minutos da estreia contra o Cruzeiro. O resultado é o rejuvenescimento precoce do Corinthians. As lesões obrigam a escalar Barletta, Matheus Araújo. Isso ainda não resulta em qualidade de jogo. O Corinthians é refém de seus veteranos, contratados muitas vezes para dar satisfação à torcida. Impossível marcar por pressão no ataque tendo Fágner, Gil, Balbuena e Fábio Santos na defesa.
Nem mesmo com Bruno Méndez e Matheus Bidu, como aconteceu nesta primeira rodada do Brasileiro.
Não basta contratar técnicos e pedir que seja ofensivoms. É necessário montar o elenco de acordo com o estilo que se pretende adotar. Sampaoli escolheu o Flamengo porque acredita que pode impor seu jogo com os jogadores que terá à disposição.
O NOVO LÓPEZ
É justo cobrar que Abel Ferreira comporte-se de outra maneira no banco, para evitar expulsões. Assim como é justo cobrar de López que ouça os conselhos do técnico. Abel lhe disse que a evolução no Brasil dependia da condição física e pediu que ganhasse sete quilos de massa. Já ganhou cinco. Fez quatro gols em quatro jogos.
PROVA DE FOGO
Rogério Ceni tem seu comportamento vigiado no centro de treinamento da Barra Funda. A questão não é a qualidade de seus treinos. São bons, todos reconhecem. É como reage à derrota. Seu desafio é motivar o elenco, não derrubar o ânimo da tropa. O São Paulo tem elenco para jogar melhor do que está jogando.
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