Iniciaram-se as campanhas eleitorais e com elas uma enxurrada de candidatos e candidatas com as mais diversas propostas.
Analisando o cenário social do país a partir das andanças e vivências da realidade das favelas, já pautam temas fundamentais para que se tenha uma lupa de avaliação profunda sobre os dilemas da maioria da população, pois é esta que deve pautar o debate político, não os políticos.
A fome, 33 milhões de pessoas sem ter o que comer, o mais grave, urgente e prioritário problema a ser solucionado. Fora isso, mais outros milhões de pessoas que vivem a insegurança alimentar, comendo mal.
Somado a isso, a alta do preço dos alimentos, que dificulta ainda mais a vida de milhões que lutam para alimentar suas famílias. A educação cada vez mais presente nas preocupações nas favelas, já que os mais prejudicados foram alunos de escolas públicas, muitos já acreditando que nem adianta voltar à escola, pois já passaram mais de um ano fora dela devido à pandemia. Nossos pais, que não tiveram acesso à educação, sabem da sua importância para o futuro dos filhos.
O desemprego, que desespera e desestabiliza milhões de lares que já sofriam na informalidade, agora atinge o imaginário das pessoas que nem sequer têm estímulo e condições para sair de casa. Sobre isso, nenhuma resposta do mundo político-eleitoral para fazer com que os pequenos e médios negócios tenham acesso ao crédito e reativem a economia da base da pirâmide, onde muitos homens e mulheres têm se virado como podem para garantir uma renda para pagar as contas e colocar comida no prato.
Na favela, a corrupção aparece numa outra percepção na vida das pessoas e a cruza de maneira diferente, fora daquela arena ilusionista do debate cosmético de vaga de carro ou de furar fila. Ali, as pessoas sentem a precariedade dos serviços públicos, a falta de transparência na aplicação dos recursos do Estado e o não retorno dos impostos arrecadados.
A violência ainda é tema central e sem resposta, já que em todos os aspectos políticos o debate da segurança pública tem se resumido a ideia de mais prisões, mais policiais, mais munição, mais viaturas, leis mais rígidas. Isso apenas faz crescer a população carcerária, fragiliza os trabalhadores da segurança que não têm apoio de outras políticas e, consequentemente, aumenta a violência, alimentando uma guerra na qual não há vitória. Parte da população vive um misto de medo, necessidade e desconfiança com a segurança. O número de mortos, fardados ou não, demonstra que não existem vencedores.
Que os candidatos(as) atentem para isso, para que depois não se coloque no povo a responsabilidade de escolhas com motivação justa e legítima.
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