paula cesarino costa
ombudsman
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Est� na Folha desde 1987. Foi Secret�ria de Reda��o e editora de Pol�tica, Neg�cios e Especiais. Chefiou a Sucursal do Rio at� janeiro de 2016. Escreve aos domingos.
Resolu��es de pleito novo
Carvall/Folhapress | ||
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A imprevisibilidade e a imensa expectativa sobre o que est� por vir aproximam as elei��es de 2018 e as de 1989, as primeiras presidenciais ap�s o per�odo de ditadura militar.
H�, entretanto, mais diferen�as do que semelhan�as. A disputa do ano que vem ter� caracter�sticas novas. Os candidatos estar�o proibidos de receber doa��es privadas e um fundo p�blico bancar� os gastos eleitorais. A internet e as redes sociais ter�o papel preponderante nas discuss�es, rea��es e implementa��o da agenda p�blica.
Em colunas anteriores, abordei a preocupa��o dos eleitores com o equil�brio editorial na cobertura dos pr�-candidatos, exig�ncia que s� se ampliar� nos pr�ximos meses. Tratei do desafio de enfrentar rob�s e estruturas especializadas em influenciar o eleitor na internet e da necessidade de investiga��o profunda de tais procedimentos. Apontei para o perigo da falsa equival�ncia, de tratar como iguais fatos com relev�ncia e impactos diferentes.
No esp�rito da �poca, de desejar bons votos e de rever prioridades do ano que se aproxima, eu me arrisco a sugerir alguns pontos para reflex�o dos jornalistas em rela��o � cobertura eleitoral que se aproxima:
1) ao contr�rio do que o senso comum pode imaginar, os protagonistas das elei��es n�o s�o os pol�ticos candidatos, mas, sim, os eleitores. � fundamental ter mecanismos (pesquisas, pain�is, canais eletr�nicos) para medir e recolher os pontos de preocupa��o e os desejos de sua excel�ncia, o eleitor. � preciso engaj�-lo nos temas relevantes e pressionar os candidatos para que digam a que v�m;
2) com o pa�s ainda sob o efeito da Lava Jato, a ficha corrida dos candidatos � um dos aspectos que mais interessam a (e)leitores;
3) os jornalistas precisam se inteirar da nova lei eleitoral, cotejar seus feitos, estabelecer contrastes e apontar desvios. Crimes eleitorais -da campanha ilegal � compra de votos- s�o frequentes e muitos passam impunes. O jornal deve manter olhar rigoroso em rela��o a eles;
4) a velha m�xima pol�tica de seguir o dinheiro ser� essencial. Como os candidatos t�m um fundo p�blico que os financia, qualquer recurso de outra origem ser� ilegal. Quem custear� transportes e viagens? De que forma? Estruturas de marketing est�o � altura do custo informado? Militantes est�o sendo pagos? Institui��es p�blicas estar�o desvirtuando recursos de sua estrutura e influenciando o pleito?
Todas essas quest�es exigem prepara��o da Reda��o para que se mantenha no foco correto;
5) a verifica��o de fatos, declara��es e promessas n�o pode ficar restrita a grupos, ag�ncias ou empresas especializadas. Deve nortear toda a cobertura de rep�rteres e editores. Est� na ess�ncia do jornalismo moderno;
6) As pesquisas de opini�o p�blica s�o um elemento b�sico da cobertura da campanha e tradicionais na hist�ria da Folha. Sua leitura exige t�cnica e qualifica��o.
A explora��o de dados setoriais e a an�lise precisa podem antecipar tend�ncias. No entanto, � preciso lembrar que s�o leituras do momento, sujeitas a mudan�as e n�o devem engessar a cobertura, limitando-a a um ou dois candidatos;
7) a m�dia tem papel crucial no processo eleitoral de um pa�s. Equil�brio, imparcialidade e objetividade podem ser colocados em risco por decis�es prosaicas de rep�rteres e editores. Os alertas sobre esses riscos devem ser dobrados.
Nesse sentido, os leitores est�o o tempo todo de olho na Folha. Cada qual com sua convic��o analisa o jornal de uma maneira: "Fico enojado e indignado todo dia ao ler a Folha e ver como ela apoia descaradamente o j� condenado Lula. Todo dia dando not�cias favor�veis desse corrupto", escreveu Francisco Carlos Henriques.
"A manchete deste domingo (10) -Alckmin assume PSDB e elogia agenda de Temer- representa a passagem do jornal da simpatia militante para o apoio expl�cito � candidatura do PSDB � Presid�ncia", afirmou Jo�o de Deus Souza Silva.
Maria de Lourdes Pereira reclamou: "Parece que a Folha est� mesmo confirmando sua voca��o de folha... de bananeira, aquela que ora est� para um lado, ora est� para o outro. Deveria assumir um lado".
A leitora Dagmar Zibas resume:"Voc� ter� muito trabalho para tentar o equil�brio da cobertura".
Deixando de lado as paix�es, um trabalho planejado, equilibrado e inteligente e criativo ter� o reconhecimento dos (e)leitores. Eles devem ter informa��es precisas e suficientes sobre candidatos, partidos pol�ticos e o processo eleitoral para fazer escolhas respons�veis na urna.
� assim que os jornais, como eficiente ferramenta dos eleitores na constru��o do pa�s que sair� nas urnas, poder�o dizer-se novamente essenciais na vida dos seus leitores.
*
� a �ltima coluna do ano. Agrade�o a voc�, leitor, pela companhia e pela parceria. Saio em f�rias ap�s as festas. Um �timo ano a todos.
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