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Rep�rter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre pol�tica e economia internacional. Escreve �s sextas-feiras.
Guerra no I�men leva Ir�, Ar�bia Saudita e EUA para beira do precip�cio
O risco de um confronto entre os Estados Unidos e o Ir� atingiu o "n�vel cr�tico", segundo o centro de resolu��o de conflitos International Crisis Group (ICG).
O ICG desenvolveu uma ferramenta chamada "Lista de gatilhos Ir�-Estados Unidos", que monitora e tenta medir a probabilidade de choques entre os dois pa�ses e seus aliados. No momento, o I�men � o maior fator de risco para um choque entre EUA e Ir�, atingindo n�vel cr�tico (a escala vai do risco mais alto, cr�tico, e passa por severo, substancial, moderado e baixo).
O relat�rio do ICG, divulgado na quinta-feira (14), aponta que a escalada no conflito no I�men - rebeldes houthis apoiados pelo Ir� lutam contra o governo do presidente Abed Rabbo Mansour Hadi, com apoio da Ar�bia Saudita, que, por sua vez, � aliada dos Estados Unidos - tem grande probabilidade de evoluir para um confronto intencional ou acidental, direto ou indireto entre os iranianos e os americanos.
O I�men vive uma guerra civil desde 2015, com mais de 10 mil mortos. As tens�es entre Ir� e Ar�bia Saudita se exacerbaram no dia 4 novembro deste ano, quando houthis no I�men lan�aram um m�ssil bal�stico de longo alcance contra a capital saudita, Riadh. Foi o ataque que chegou mais perto de atingir um grande centro urbano no pa�s.
A Ar�bia Saudita afirmou que o Ir� havia fornecido o m�ssil para os rebeldes e classificou o ataque como "ato de guerra". O ataque tamb�m mostrou que outros pa�ses do Golfo, aliados dos sauditas, est�o no alcance de poss�veis m�sseis lan�ados pelos houthis.
Nesta quinta-feira, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, convocou uma entrevista coletiva e mostrou o que chamou de "provas irrefut�veis" de que o Ir� forneceu aos houthis o m�ssil lan�ado contra Riadh, al�m de outros armamentos.
"� dif�cil achar algum conflito ou fac��o terrorista no Oriente M�dio que n�o tenha as impress�es digitais do Ir�", disse Haley, ao mostrar restos chamuscados de um m�ssil, que seria aquele disparado contra o aeroporto em Riadh, al�m de um drone e armamentos anti-tanques recuperados no I�men pela Ar�bia Saudita.
A embaixadora acusou o Ir� de desrespeitar resolu��es da ONU que pro�bem o fornecimento de armas para os rebeldes no I�men.
"Voc�s ver�o que n�s vamos construir uma coaliz�o para contra atacar o Ir�", disse.
A miss�o do Ir� na ONU afirmou que as acusa��es dos EUA eram "irrespons�veis, provocadoras, destrutivas e fabricadas".
Haley acusa o Ir� de fornecer armas tamb�m para S�ria e L�bano.
Ela exortou o Conselho de Seguran�a da ONU a impor san��es contra o Ir�, apontando que o pa�s, caso comprovado o aux�lio aos houthis, teria violado resolu��es do �rg�o.
Mas a R�ssia e a China, membros permanentes do CS e, portanto, com poder de veto, dificilmente aprovariam essas san��es contra o Ir�.
A acusa��o de Haley abre caminho para um poss�vel ataque dos EUA a alvos houthis dentro do I�men - o que poderia gerar um aumento do apoio dos iranianos aos rebeldes ou retalia��es de mil�cias xiitas contra for�as americanas na S�ria ou Iraque.
Segundo o ICG, n�o est� clara a magnitude do apoio do Ir� aos houthis e se Teer� tem poder de control�-los, uma vez que os rebeldes j� ignoraram sugest�es iranianas no passado. "Isso significa que o Ir� pode pagar um pre�o por a��es de um grupo aliado que n�o controla", diz o relat�rio do grupo.
Al�m da crise do I�men, h� v�rios outros focos de atrito entre o Ir� e os EUA e seus aliados. Em outubro, o presidente Donald Trump recusou-se a certificar que o Ir� vinha cumprindo os requisitos do acordo nuclear assinado em 2015. Segundo ele, o acordo � falho, porque suas exig�ncias come�am a vencer a partir de 2020 e o tratado n�o aborda quest�es como a influ�ncia do Ir� da regi�o e o programa de m�sseis do pa�s. Mas em vez de imediatamente rasgar o acordo e impor san��es, ele incumbiu o Congresso de achar alguma solu��o, seja por meio de imposi��o de novas san��es ou de medidas que prevejam um gatilho para imposi��o de penalidades.
As tens�es entre mil�cias apoiadas pelo Ir� na S�ria e Iraque e for�as americanas tamb�m crescem, na medida em que o inimigo comum, o Estado Isl�mico, vai saindo da jogada.
Os iranianos acham que a Ar�bia Saudita, os Emirados �rabes e Israel est�o em conluio para acirrar os conflitos da regi�o e empurrar EUA e Ir� para um confronto
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