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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Cade investiga Gol e Latam sobre combinação de preços

Órgão de defesa da concorrência vasculha cinco anos de venda de passagens sob suspeita de acerto entre empresas

Brasília

Após suspeitas de combinação de preços, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) abriu uma investigação para apurar se Gol e Latam combinaram preços mais elevados. Para isso, as empresas já forneceram arquivos com os dados completos das passagens vendidas nos últimos cinco anos.

A equipe que analisa essas informações quer verificar se os preços foram semelhantes ao longo do tempo nas mesmas rotas e horários. A suspeita principal é de que houve acerto via sistemas informatizados de emissão de bilhetes.

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Aviões estacionadas no aeroporto de Congonhas (SP)

A estratégia do Cade é inusitada. A análise de dados será feita mediante uma plataforma de inteligência artificial, que ajudará na filtragem e compilação dos dados.

Sem evidências de que houve arranjo de preços por meio de troca de mensagens ou telefonemas, os técnicos buscam, a partir da análise de cada passagem vendida, verificar eventual padronização entre as concorrentes por preços mais elevados.

Uma das hipóteses consideradas é a de que os sistemas eletrônicos de venda tenham sido programados para elevar os preços, independente de horário ou demanda.

Para isso, o Cade fará a análise da taxa de ocupação dos voos ao longo do período e relacionará com o volume de bilhetes vendidos por ambas as companhias. Isso porque, voos com baixa taxa de ocupação não costumam ter preços elevados, forma de estimular a venda, já que a lucratividade ocorre com ocupação superior a 70%.

Caso as suspeitas de formação de cartel se confirmem –via algoritmo das plataformas de venda–, o Cade terá de descobrir uma forma de enquadrar as companhias aéreas.

Hoje, a legislação prevê uso de prova formal –como interceptação telefônica com autorização judicial ou troca de mensagens de e-mail ou whatsapp. Seria um caso inusitado em que as provas sairiam do próprio sistema de informática das empresas.

A ofensiva contra as aéreas é uma resposta do Cade à pressão que vem sofrendo do governo e do Congresso para que o órgão de defesa da concorrência tome providências em relação ao preço das passagens que, na avaliação de parlamentares, sobe sem explicação plausível.

Com Diego Felix

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