A redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic anunciado pelo Banco Central no início da noite desta quarta (20) ficou dentro das expectativas de empresários e analistas e dá um ânimo moderado aos diferentes segmentos da indústria, especialmente aos que dependem de compras parceladas.
Humberto Barbato, presidente-executivo da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), diz que apesar do desejo por um ciclo mais rápido de redução da Selic, é compreensível que o Banco Central opte por uma trajetória mais cautelosa de reduções.
"Gostaria que pudesse ter sido um pouquinho maior [o corte] porque ele influencia o juro real e nosso consumidor compra a prazo. Com a redução, a gente consegue vender mais."
O comprador, diz Barbato, segue retraído e cuidadoso. Agora, com juros menores e com o programa de redução de endividamento do governo, o Desenrola, a entidade espera que o consumidor volte às compras.
Jorge Nascimento, presidente-executivo Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), também esperava cortes mais ousado, de 0,75% para cima, uma vez que a inflação está sob controle. O corte, de todo modo, afirma, é positivo.
"Não é a redução que a gente almejava, mas é a tendência que desejamos. O produto eletrodoméstico é comprado, em essência, parcelado. O consumidor vê a simulação da parcela e se retrai", diz. "É uma boa notícia, mas ainda em percentuais que não estimular a ida às compras."
O gerente-executivo de Economia da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Mário Sérgio Telles, afirma que a queda de 0,5 ponto percentual era "o mínimo esperado". A entidade também trabalhava com um cenário de aceleração para 0,75 ponto percentual.
"Temos percebido que a inflação corrente está reduzindo significativamente e as expectativas do mercado para o ano que vem estão chegando quase dentro do intervalo da meta. São dois fatores que permitem cortes mais acelerados", diz.
O economista avalia que, apesar da redução nesta quarta-feira, a taxa de juros real ainda está alta, colocando a política monetária em "terreno contracionista", com desestímulo ao crédito e à atividade econômica.
Paulo Camillo Pena, da Associação Brasileira de Cimento Portland, a redução terá impacto direto na cadeira da construção, melhorando as condições de competição do setor com outros ativos financeiros.
O segmento hoje acumula uma queda de 1,5% no desempenho e, com os dois cortes da Selic, já começa a projetar uma reversão da trajetória negativa.
Luiz França, da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), também considera positiva a redução, mas defende medidas que minimizem o impacto dos juros altos sobre o custo de capital das empresas.
Para Paulo Castelo Branco, presidente-executivo da Abimei (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais), tão importante quanto a redução, é a expectativa de que outros cortes serão feitos até o fim do ano. A preocupação com a política fiscal, porém, ainda atrapalha a decisão por novos investimentos, segundo ele.
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), diz que "a queda da taxa básica de juros hoje é o caminho para acelerarmos o crescimento econômico do país de maneira segura".
Com Diego Felix
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