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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Selic juros indústria

Redução na Selic é positiva, mas ainda é pouco, dizem setores da indústria

Taxa vai a 12,75% ao ano; juros menores afetam principalmente quem depende de vendas a prazo

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São Paulo

A redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic anunciado pelo Banco Central no início da noite desta quarta (20) ficou dentro das expectativas de empresários e analistas e dá um ânimo moderado aos diferentes segmentos da indústria, especialmente aos que dependem de compras parceladas.

Humberto Barbato, presidente-executivo da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), diz que apesar do desejo por um ciclo mais rápido de redução da Selic, é compreensível que o Banco Central opte por uma trajetória mais cautelosa de reduções.

"Gostaria que pudesse ter sido um pouquinho maior [o corte] porque ele influencia o juro real e nosso consumidor compra a prazo. Com a redução, a gente consegue vender mais."

Consumidores observam produtos durante liquidação em uma loja
Consumidores durante liquidação em São Paulo; juros afetam condições de crédito - Zanone Fraissat - 07.jan.22/Folhapress

O comprador, diz Barbato, segue retraído e cuidadoso. Agora, com juros menores e com o programa de redução de endividamento do governo, o Desenrola, a entidade espera que o consumidor volte às compras.

Jorge Nascimento, presidente-executivo Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), também esperava cortes mais ousado, de 0,75% para cima, uma vez que a inflação está sob controle. O corte, de todo modo, afirma, é positivo.

"Não é a redução que a gente almejava, mas é a tendência que desejamos. O produto eletrodoméstico é comprado, em essência, parcelado. O consumidor vê a simulação da parcela e se retrai", diz. "É uma boa notícia, mas ainda em percentuais que não estimular a ida às compras."

O gerente-executivo de Economia da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Mário Sérgio Telles, afirma que a queda de 0,5 ponto percentual era "o mínimo esperado". A entidade também trabalhava com um cenário de aceleração para 0,75 ponto percentual.

"Temos percebido que a inflação corrente está reduzindo significativamente e as expectativas do mercado para o ano que vem estão chegando quase dentro do intervalo da meta. São dois fatores que permitem cortes mais acelerados", diz.

O economista avalia que, apesar da redução nesta quarta-feira, a taxa de juros real ainda está alta, colocando a política monetária em "terreno contracionista", com desestímulo ao crédito e à atividade econômica.

Paulo Camillo Pena, da Associação Brasileira de Cimento Portland, a redução terá impacto direto na cadeira da construção, melhorando as condições de competição do setor com outros ativos financeiros.

O segmento hoje acumula uma queda de 1,5% no desempenho e, com os dois cortes da Selic, já começa a projetar uma reversão da trajetória negativa.

Luiz França, da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), também considera positiva a redução, mas defende medidas que minimizem o impacto dos juros altos sobre o custo de capital das empresas.

Para Paulo Castelo Branco, presidente-executivo da Abimei (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais), tão importante quanto a redução, é a expectativa de que outros cortes serão feitos até o fim do ano. A preocupação com a política fiscal, porém, ainda atrapalha a decisão por novos investimentos, segundo ele.

José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), diz que "a queda da taxa básica de juros hoje é o caminho para acelerarmos o crescimento econômico do país de maneira segura".

Com Diego Felix

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