O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), diz ao Painel que a prefeitura mantém o interesse em tomar para si a administração da Cinemateca Brasileira, cujo galpão na Vila Leopoldina, na zona oeste da capital, foi tomado por um incêndio nesta quinta-feira (29).
Em junho de 2020, o então prefeito Bruno Covas (PSDB) fez contato com o general Luiz Eduardo Ramos, então ministro da Secretaria de Governo, e disse que a gestão municipal estava disposta a assumir a administração da Cinemateca, como mostrou a coluna Monica Bergamo. Ele não teve resposta à época.
"O Bruno Covas, preocupado com o que poderia acontecer na Cinemateca, em 2020 pediu para assumir. Não deram ouvidos e está aí o desfecho, que poderia ter sido outro", afirma Nunes.
"A prefeitura continua, como o Bruno desejava, interessada em assumir a Cinemateca", completa.
Os alertas para o perigo de incêndio na Cinemateca têm sido feitos há mais de um ano por ex-funcionários. O Ministério Público Federal entrou com ação civil pública contra a União em julho de 2020 por descaso na administração da instituição.
Gustavo Torres Soares, autor da ação, escreveu à época que a "resistência ideológica" se apresentava como único motivo aparente para que o governo Bolsonaro não seguisse recomendações técnicas de órgãos federais, "à custa da deterioração do material custodiado pela Cinemateca e do risco crescente de sua destruição”.
Segundo os primeiros relatos sobre o incêndio, o fogo teria consumido quatro toneladas de documentos que remontam a história das políticas públicas do cinema brasileiro, desde o Instituto Nacional do Cinema, criado nos anos 1960, até a atual Secretaria Nacional do Audiovisual, passando pelo Conselho Nacional de Cinema e por parte da história da Embrafilme.
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