Foi editora do Painel.
Sem financiamento empresarial, campanhas de 2016 s�o mais modestas
Campe� em desinteresse da popula��o, esta elei��o vai ser assim: quando voc� acordar, haver� um prefeito eleito.
Neste ano, passamos longe dos efeitos especiais das propagandas de TV. N�o h� dinheiro de empresa (limpo, ao menos), n�o h� bandeiras nas esquinas nem cavaletes poluindo as ruas.
Os carros de som emudeceram. Santinho virou artigo raro —foi guardado para o dia da elei��o para economizar.
J� n�o h� mais caixa para pagar militantes e, sem eles, ningu�m mais ouve o burburinho das campanhas pela periferia.
Os deuses reencarnados em marqueteiros se escafederam. N�o h� mais Jo�o Santana para operar milagres (milagre com muito dinheiro tamb�m n�o � l� t�o sobrenatural, mas vale).
Lula que o diga. H� quatro anos, o ex-presidente era praticamente o rosto mais estampado nos programas de TV Brasil afora. Nos filmetes do hor�rio eleitoral, pedia voto para candidatos em quantidade quase fabril.
Era comum locutores e candidatos venderem seu peixe ancorados "nos governos Lula e Dilma". Pegava bem dizer que o PT havia melhorado a sua vida "da porta para dentro", mas era preciso eleger algu�m para cuidar de voc� "da porta para fora".
Hoje o partido de Lula sustenta rejei��es espantosas e o ex-presidente j� quase n�o aparece em pe�as publicit�rias.
Em S�o Paulo, o ex-presidente n�o deu o ar da gra�a na regi�o metropolitana denominada cintur�o vermelho. Tamb�m n�o sabe como pode ajudar Fernando Haddad a sair do quarto lugar.
Lula tem preferido subir nos palanques de cidades do Nordeste, reduto parcialmente imune aos des�gnios da Lava Jato. Por l�, pesquisas mostram algo curioso, pragm�tico at�. "Se ele fez coisa errada, eu n�o sei, s� sei que ele dividiu dinheiro com a gente", afirmou um homem de baixa renda sobre os tempos de bonan�a da era Lula.
Disse isso em uma sala de espelho —t�cnica usada para monitorar a opini�o de eleitores e testar pe�as publicit�rias sem que saibam que est�o sendo acompanhados. A frase n�o tem valor cient�fico, mas ajuda a compreender o que se passa na cabe�a de alguns brasileiros.
Mas Lula, apesar das dificuldades, n�o � o �nico padrinho pol�tico alijado da corrida municipal. At� mesmo aqueles ainda alheios � Lava Jato sofrem. Ou tomam ch� de sumi�o, ou aparecem em doses homeop�ticas para n�o correr o risco de queimar o filme do afilhado.
Se est� dific�limo para os caciques, imagine para os postes?
Falta dinheiro, falta popularidade, falta paci�ncia do eleitor. Falta tanto que h� campanhas desistindo de levar programas ao ar porque n�o h� dinheiro para produzi-los. No interior de S�o Paulo, telas de TV ficam azuis entre uma apresenta��o e outra. Quando muito, candidatos repetem a mesma pe�a ao longo de toda a elei��o. Por isso h� tanto pol�tico defendendo o resgate do financiamento empresarial.
As elei��es de 2016 podem nos ensinar a fazer campanhas mais baratas —e, por causa disso, menos dolosas. Ou podem assustar tanto a classe pol�tica que o Congresso Nacional j� j� dar� um jeito de mudar a legisla��o para que tudo volte a ser como 2014, 2012, 2010...
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