Foi editora do Painel.
Cunha deveria falar ap�s ter seu destino definido na C�mara
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
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O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) |
Sil�ncio: Estado de quem se cala ou se abst�m de falar. Priva��o, volunt�ria ou n�o, de falar, de publicar, de escrever, de pronunciar qualquer palavra ou som, de manifestar os pr�prios pensamentos.
O dicion�rio Houaiss ainda fornece outras defini��es. Sigilo, mist�rio, segredo.
S�o significados at� aqui caros a Eduardo Cunha.
Mas at� quando? O que ganha o ex-presidente da C�mara mantendo-se calado?
Se perder seu mandato em agosto, fica com uma granada na m�o. Restar� lan�ar o artefato longe — no colo de outros? — para n�o ser detonado.
Eduardo Cunha sabe muito.
Em seus 17 meses de dom�nio (e at� mesmo antes de se tornar o mais poderoso presidente da C�mara da hist�ria recente), esteve no centro de todas as decis�es da Casa. Negociava com banqueiros, industriais, gente gra�da do PIB. Pautava tudo que era mat�ria tribut�ria e distribu�a favores a parlamentares. Mandava no PMDB da C�mara, intermediava financiamento de campanha para partidos e aliados.
Segundo o jornal "O Globo", chegou a promover encontros de Michel Temer com o empreiteiro Ot�vio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez.
Poderia esclarecer o que motivou a reuni�o e sobre o que se discutiu ali – at� para que n�o paire d�vida sobre a conduta de ningu�m.
Ajudaria — para dizer o m�nimo — a depurar costumes e pr�ticas de um Congresso h� muito tempo disfuncional.
Nem mesmo a Lava Jato, at� outro dia com pouco ou nenhum entusiasmo em ouvi-lo, j� se d� ao luxo de reneg�-lo. Desde que se curve, claro.
"Mas tem de entregar quem est� acima ou ao lado dele, jamais quem est� abaixo. Ou � isso, ou nada feito", avisa um l�der da opera��o sob condi��o de anonimato.
Esse mesmo general da investiga��o assegura que, at� hoje, por�m, n�o houve "piscadela nem movimento de sobrancelha nesse sentido" por parte do investigado. E n�o h� um dia sequer em que o ex-presidente da C�mara n�o negue qualquer inten��o de colaborar. Quando algu�m pergunta, rebate, impaciente: "N�o se torna delator aquele que crime n�o cometeu".
Para a Procuradoria-Geral da Rep�blica, quanto mais pr�ximo do topo da pir�mide, mais dif�cil fica aceit�-lo como acusador. Mais caro, portanto, ele ter� de pagar. E Cunha estaria "quase no v�rtice".
Mas ele � um professor em�rito em pragmatismo — todos viram quantas vezes negou que renunciaria � presid�ncia da C�mara. Mudou de ideia. Tudo sempre depende das circunst�ncias, dos interesses e do estrago potencial da granada que tem hoje nas m�os.
Abrir o verbo � tamb�m uma forma de se redimir do que a Lava Jato lhe imputa.
Talvez j� esteja chegando a hora de come�ar a piscar para algu�m, quebrar o sil�ncio.
Fala, Eduardo Cunha.
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