Foi editora do Painel.
Do PT para o povo
Claro que tem muito ch�o pela frente. Mas, dos tr�s programas partid�rios exibidos por PSB, PSDB e PT, foi o pol�mico programa petista, iniciado pelo comercial quase almodovariano "Fantasmas do Passado", a pe�a publicit�ria que realmente falou para o povo.
Nela, um dramalh�o para ningu�m botar defeito. Pessoas se vendo pelo retrovisor, tristes, roupas pu�das, sapato furado. Uma l�grima rola no rosto de uma crian�a limpa, cabelos arrumados, sorvete na m�o. Ela se v� anos atr�s suja, faminta, olhar perdido.
As cenas s�o apelativas.
O curioso � que esse tipo de terrorismo pol�tico � geralmente usado por campanhas ao redor do mundo como �ltimo �ltimo recurso para vencer ou virar uma elei��o dif�cil. Aqui, por�m, � usada a cinco meses do "torneio" nacional. Eis a explica��o: era preciso criar um anteparo que segurasse a queda da presidente da Rep�blica nas pesquisas. Depois, marcar territ�rio e posicionar Dilma Rousseff como seguran�a dos pobres, um eleitorado hoje menos cativo. De t�o sinistro, houve muita gente grande no PT reclamando da inflex�o no marketing petista. A esperan�a de Lula deu lugar ao medo de Dilma.
Mas uma coisa � ineg�vel: o alvo, ali, � o pov�o. E isso nem PSB nem PSDB fizeram com clareza.
A�cio Neves abre sua pe�a televisiva com o seguinte convite: "Vamos conversar?". S� que o tucano conversa com uma pessoa oculta e pouco fala de temas caros � maior fatia do eleitorado. Infla��o � tratada de forma quase gen�rica. Parece um programa focado na classe m�dia, fatia tradicionalmente mais simp�tico ao tucanato.
Fala de gest�o, de um jeito novo de fazer as coisas e de uma "nova vis�o de Estado".
O programa do PSB, considerado por Eduardo Campos como oportunidade de se apresentar ao Brasil ao lado da j� conhecida Marina Silva, optou por um modelo alternativo e de alvo tamb�m confuso. Parecia falar para os jovens, para o eleitorado urbano, mas nem isso ficou totalmente claro.
Nele, Campos e Marina conversam entre si em um cen�rio em preto e branco. Imagem elegante, mas discurso desconexo. Os cortes das falas s�o bruscos e, em ao menos um caso, um fala alho e outro, bugalho.
Ali, a grande massa soube que Marina deseja uma "agenda estrat�gica para o Brasil" independente de governos; que Campos "sonha com um Brasil democr�tico".
E num golpe para atrair n�o se sabe quem, o programa se aproxima do final com a seguinte frase: queremos "unir boas pessoas em torno de boas ideias para fazer coisas boas".
O hor�rio gratuito come�a logo logo. � prudente falar a l�ngua que a maioria entende. O eleitor agradece.
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