Foi editora do Painel.
A conta
O ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o, aproveitou uma reuni�o com empres�rios ontem para, mais uma vez, dizer que n�o incentivar� a redu��o do consumo de energia. A frase, por�m, veio acompanhada de uma revela��o esquisit�ssima, para dizer o m�nimo.
"Eu aplaudirei o cidad�o que economizar por conta pr�pria. Eu fa�o a minha economia. Por�m, n�o iremos propor isso at� que o comit� ache necess�rio."
Se o comandante do setor p�blico de energia n�o deixa a luz do quarto acesa quando est� na sala, e acha isso importante, � porque sabe que a oferta n�o est� bombando. E, se acha isso, por que raios n�o diz para a popula��o que o ideal � economizar?
A resposta, com uma declara��o dessas, chega a saltar da ponta da l�ngua: o governo n�o quer mexer nesse vespeiro no ano da elei��o. N�o quer que o brasileiro confunda racionaliza��o do consumo com racionamento e desperte no eleitor a mem�ria negativa de 2001.
Uma campanha assim, que o pr�prio ministro chegou a admitir e depois recuou, ajudaria a dar uma folga para os reservat�rios das hidrel�tricas e a diminuir a necessidade de acessar a energia t�rmica, mais cara para o bolso do governo e do consumidor.
E um programa governamental de consumo consciente poderia ter vindo antes do tanque esvaziar. E isso serve para energia e para �gua tamb�m, viu, governador Geraldo Alckmin.
Com S�o Paulo, ali�s, a situa��o h� muito passou do car�ter preventivo e aconselh�vel. H� �reas inteiras com interrup��o de fornecimento de �gua. No fim de semana, as torneiras secaram na sexta e s� voltaram a gotejar no domingo de manh�. Ocorreu no bairro da Lapa; n�o deve ter sido o �nico.
Enquanto uns, no caso da energia, t�m horror a admitir a��es de conscientiza��o, outros negam a pr�pria crise no abastecimento da �gua. � a elei��o arrancando a l�ngua dos governantes, metendo-lhes medo brutal de a falta d'�gua secar o voto ou de o uso racional da energia apagar a urna.
O ministro Lob�o, a prop�sito, foi sincero quando prometeu "aplaudir o cidad�o que economizar por conta pr�pria". Com uma verdade inc�moda assim, fica impl�cito que quem est� "por conta pr�pria" � o pr�prio eleitor.
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