Foi editora do Painel.
Governo triste
Era in�cio de 2004. Um furioso Lula recebia em seu gabinete a dupla que comandava a economia.
"Voc�s prometeram que o PIB iria bombar", cobrou o chefe impaciente diante de Antonio Palocci, o titular da Fazenda, e Henrique Meirelles, comandante do Banco Central.
"Deve ter bombado na casa da m�e do Meirelles!", bradou mais uma vez o ent�o presidente da Rep�blica. Assim mesmo, nesses termos, numa reprimenda dificilmente esquecida por ambos.
Mesmo tontos com a descompostura, os dois insistiram que era preciso seguir com uma pol�tica fiscal mais restritiva, apesar do crescimento min�sculo de 2003 (1,1%).
O petista escutou, com raiva, mas acatou a recomenda��o.
Lula n�o era menos tempestuoso que Dilma Rousseff, a sucessora que ganhou fama de durona. S� que ela ficou com o estigma de autorit�ria; e ele, o de sens�vel.
Muitos ensaiam uma explica��o: Lula ouvia mais, bem mais, os que o cercavam.
Tanto que, recentemente, ele pr�prio chegou a aconselhar sua sucessora nesse sentido.
Tamb�m orientou ministros, sobretudo os do PT, a dar "a real" � chefe; enfrent�-la, se necess�rio, para vencer estes tempos mais nervosos.
Dilma passou os �ltimos dois anos e meio escutando pouco as vozes da burocracia. Precisou ouvir as vozes das ruas, e ver sua popularidade derreter, para come�ar a abrir o di�logo.
Seu desafio, entre tantos outros, � inspirar tamb�m quem toca a m�quina federal petista, e reverter uma certa sensa��o de fadiga em rela��o ao estilo presidencial entre aqueles que atuar�o, como militantes, na sua campanha pela reelei��o.
Hoje, n�o � raro encontrar na Esplanada funcion�rios que critiquem o jeit�o da chefe. At� no primeiro escal�o se fala. Tem muita gente dizendo por a� que o governo, j� nem t�o animado antes mesmo das manifesta��es de junho, entristeceu.
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