O aplicativo de mensagens Telegram derrubou ao menos dois grupos bolsonaristas que organizavam protestos de cunho golpista em estradas de Minas Gerais e de Goiás. "Esse grupo não pode ser exibido porque violou leis locais", diz uma mensagem exibida nos dois chats.
O grupo voltado ao estado mineiro somava 12.970 membros, e o destinado aos goianos, 6.287. Procurada pela coluna, a plataforma diz a suspensão cumpre ordem judicial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Convites para a entrada nos dois espaços circulavam via WhatsApp desde segunda-feira (31) e eram acompanhados por uma mensagem que pedia a intervenção das Forças Armadas. "Nós, o povo, não seremos ultrajados", dizia o texto. "Comunismo aqui, não", acrescentava.
No domingo (30), durante a realização do segundo turno das eleições, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou que a corte mandou suspender cinco grupos do Telegram que somavam 580 mil participantes. A ação foi realizada nas 36 horas que antecederam o pleito.
Até a noite de segunda-feira foram realizados mais de 300 bloqueios em estradas de 25 estados e no Distrito Federal. Além de não reconhecer o resultado das eleições, os manifestantes pedem um golpe de Estado.
Após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes nesta terça-feira (1º), as polícias militares dos estados começaram a atuar na desobstrução de rodovias bloqueadas pelos protestos.
"As polícias militares dos estados possuem plenas atribuições constitucionais e legais para atuar em face desses ilícitos, independentemente do lugar em que ocorram, seja em espaços públicos e rodovias federais, estaduais ou municipais", ordenou o ministro.
Responsável pela fiscalização e segurança das estradas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) se manteve inerte, e policiais inclusive confraternizaram com os bolsonaristas.
Magistrados do STF responsabilizam Bolsonaro pelas arruaças. Em silêncio desde que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha presidencial, o presidente estaria, com sua atitude, estimulando a confusão.
A omissão da PRF reforçou a certeza de que o presidente trabalha para elevar a tensão no país.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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