Assim como o presidente Jair Bolsonaro (PL) e políticos bolsonaristas, o empresário Luciano Hang também teve uma explosão de seguidores no Twitter na terça (26), um dia após o anúncio da compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk.
Segundo a ferramenta de monitoramento Social Blade, Hang ganhou cerca de 23 mil seguidores de segunda (25) para terça (26). Até as 12h30 desta quarta (27), o crescimento foi ainda maior: 47 mil seguidores. Anteriormente, a média diária girava em torno de 2.500.
"De ontem para hoje ganhei mais de 30 mil seguidores no Twitter. Agradeço ao Elon Musk. Daqui para frente, ao infinito e além", comemorou ele na rede social já na terça (26). Hang é um dos maiores apoiadores de Bolsonaro.
Especialistas veem movimento coordenado neste boom de seguidores nos perfis de políticos e empresários bolsonaristas.
Segundo o pesquisador americano Christopher Bouzy, 93% dos novos perfis que seguiram a conta do presidente brasileiro foram recém-gerados. "Nós terminamos de analisar as 65 mil contas que começaram a seguir Jair Bolsonaro; 61.299 foram criadas desde ontem [segunda, 25]", disse ele em uma thread.
O especialista afirmou não acreditar que o fenômeno seja orgânico. "Eu não acho que dezenas de milhares de brasileiros decidiram criar novas contas ao mesmo tempo e seguir Bolsonaro porque Elon Musk está comprando o Twitter", disse.
O influenciador conservador Leandro Ruschel também teve um crescimento em seu perfil. "O fenômeno é global. Eu cresci 20 mil seguidores ontem. Está acontecendo nas contas mais alinhadas à direita. Ou está havendo entrada em massa de conservadores na rede, ou então o Twitter tem muitas explicações a dar: havia limitações ao crescimento e alcance dessas contas?", indagou ele.
Para os bolsonaristas, é esta segunda hipótese colocada por Ruschel o que explica o fenômeno. Segundo eles, a plataforma teria deixado de sabotar perfis à direita após o anúncio da venda.
Mas Musk só deve passar a ter ingerência plena sobre o Twitter no fim de 2022, já que a transação está sujeita à aprovação dos acionistas do Twitter, de órgãos regulatórios, entre outras condições habituais a esse tipo de negociação.
Procurado pela reportagem da Folha, o Twitter não quis comentar sobre o episódio nem se há indícios de movimentação coordenada ou inautêntica nos perfis bolsonaristas.
Bolsonaro e seus apoiadores comemoram a compra do Twitter por Musk. Segundo um ministro que despacha diariamente com o presidente, um dos maiores temores do presidente era ter postagens apagadas na rede durante a campanha eleitoral —o que já aconteceu com ele e seus filhos anteriormente.
Bolsonaro temia também as restrições que a empresa poderia colocar à atuação de seus apoiadores no mundo virtual.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.