A vereadora de São Paulo Erika Hilton (PSOL) abriu um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (31) após ser ameaçada de morte por meio das redes sociais. O registro foi feito no 1º Distrito Policial da Polícia Civil na capital.
Hilton foi alvo de comentários transfóbicos no Twitter após a exibição de uma reportagem feita pelo Fantástico, da TV Globo, sobre preconceito e violência política contra vereadoras trans eleitas em 2020. "A única coisa que eu vou pagar é uma bala de 38 na testa desse traveco", afirmou um homem —que se identifica como "Ricardo pm"— após a vereadora falar em processar os autores dos ataques.
No boletim de ocorrência, ao qual a coluna teve acesso, a parlamentar relata que seu agressor continuou: "Processa a vontade [sic] Vc vai continuar sendo um homem de peruca e nada mais". A queixa foi prestada na companhia da advogada Priscila Pamela.
A expectativa é que seja aberta uma investigação policial e que haja quebra de sigilo de dados do dono do perfil.
Em abril deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a quebra de sigilo de 49 contas no Twitter e no Facebook acusadas de promover ataques contra Hilton, a primeira mulher transgênero a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo.
Um dos acusados chegou a visitar seu gabinete em janeiro deste ano, quando se identificou como “garçom reaça”. Na ocasião, o homem pediu, repetidamente, para ver a parlamentar. "A vereadora tá aí? Eu quero falar com a vereadora", teria dito, aos gritos, segundo uma assessora de Hilton. Ele carregava uma mochila e usava máscara de proteção com a inscrição de uma cruz e da frase "Deus é amor".
Por causa de seu estado de agitação, funcionários do gabinete não permitiram o contato do homem com Hilton. Ele, então, deixou uma carta na qual dizia querer se desculpar por ter ofendido a vereadora nas redes sociais.
Uma investigação da Polícia Civil o enquadrou no artigo 65 da Lei das Contravenções Penais, que versa sobre molestar alguém ou perturbar a tranquilidade.
Atualmente, Erika Hilton exerce seu mandato como vereadora sob escolta da Guarda Civil Metropolitana.
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