Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conte�do do UOL de 1996 a 2011.
Estupidez de massa
Aten��o: n�o me escrevam mais pelo inbox. Quem quiser contato comigo, fa�a-o por e-mail, telefone, pomba voadora, mula, correio, seja l� o que for. () A partir de hoje eu caio fora desse Facebook aqui! Saiu das propor��es de gra�a etc. Vejo que � ocupa��o de quem n�o trabalha! () Tem uns que narram (berram) (gritam) o quanto est� o jogo, como se ningu�m soubesse! E l� vai esse rid�culo exerc�cio de clicar "like" (ou "curtir"). () Vou manter as p�ginas abertas por medo de clonagem (j� aconteceu tr�s vezes antes quando tentei fechar isso), mas n�o lerei os coment�rios e n�o lerei os recados da inbox. Bom trabalho, seus vagabundos! Curem-se da solid�o e realizem-se na vida ()."
Com essa mensagem, o autor e diretor de teatro Gerald Thomas abandonou sua p�gina no Facebook semana passada. N�o foi a primeira vez. Alguns v�o lembrar que ele tamb�m j� anunciou o abandono do teatro, mas acabou voltando, como antigos namorados voltam a namorar, restando aos amigos reconstruir os v�nculos depois da cl�ssica e traum�tica divis�o entre os "amigos dela" e "os amigos dele". Talvez ele volte ao Facebook. Talvez n�o. Mas isso n�o muda o principal: o Facebook promove uma "estupidez de massa", como escreveu Gerald na despedida. Concordei, mas me abstive de clicar o bot�o Like, j� que ele n�o ia ver mesmo.
Sei que vou receber mensagens de contesta��o, elogiando o Facebook e mencionando fatos bacanas, a divers�o, a proximidade com os amigos, tralal�. Eu tamb�m poderia mencionar amigos de inf�ncia que reapareceram, amigos distantes que parecem pr�ximos, coisas engra�adas ou, com sorte, informa��es relevantes. Nada disso � capaz de ocultar o tsunami de bobagens, idiossincrasias e "vergonha alheia" que o Facebook patrocina.
Ningu�m pode querer ver de t�o perto tanta gente o tempo todo. Ou ser� que algu�m neste Brasil t�o soci�vel � capaz de manter baixinho o n�mero de conex�es? Eu n�o sou, apesar da indecente pilha de "pedidos de amizade" sem leitura nem solu��o. Primeiro eu tinha crit�rios: pessoa jur�dica n�o aceito como amigo; s� aceito quem conhe�o, quem publica foto ou � amigo de amigos etc. Nenhuma regra deu certo. N�o me pe�am coer�ncia. Agora � ao acaso. Vi, vi. N�o vi, n�o vi.
Enjoei de tanta gente fotografada para consumo externo, tanto VIP, tanto lugar paradis�aco, tanta lua cheia, tanta opini�o a respeito de tudo, tantos animais de estima��o, tantos aniversariantes, tantas crian�as, tantas mensagens edificantes, tantas piadas, tanto leva-e-traz, tanto proselitismo, tanta m�-cria��o.
S� h� uma maneira de lidar com o Facebook, � a esmo. Ent�o que ningu�m fique magoadinho se deixei de ver o seu status, evento ou anivers�rio. Fracassei. Desisti.
Mas diferentemente do Gerald, parece que agora vou ler as mensagens que chegam no inbox, se forem poucos os que me escreverem e n�o vierem mensagens de grupo ou propaganda. E sabe o que fiz hoje? Instalei o Messenger do Facebook no celular. Meu jovem assistente, o Andr�, recomendou. Seria um bom jeito de receber mensagens privadas de amigos do Facebook sem entrar no Facebook. Isso al�m de SMS, e-mail, celular, WhatsApp, Skype, Instagram... Ser� que faz algum sentido isso tudo?
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade