Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conte�do do UOL de 1996 a 2011.
F�s e 'fakes' do Facebook
A cultura de fachada do Facebook criou uma ind�stria paralela que se espalha pelos quatro cantos do planeta.
Quem buscar no Google vai encontrar muitas empresas no Brasil e no exterior que vendem o que muitos d�o de gra�a: "f�s" e "curtidas". Em vez de construir uma reputa��o ou marca, o que d� trabalho e exige tempo, uma pessoa ou empresa pode simplesmente comprar esses "resultados". � f�cil e barato.
No mercadonline.com.br, por exemplo, mil f�s ou curtidas custam R$ 49,99. Se esses n�meros parecem coisa de amador, que tal 250 mil f�s ou curtidas por R$ 2.999,99? Tamb�m tem. Assim, qualquer aspirante a "celebridade" pode parecer famos�rrimo. E qualquer produto pode parecer superpopular, ainda que n�o seja.
Os "g�nios" das estrat�gias de marketing digital parecem estar com a vida ganha. O problema n�o � espec�fico do Facebook.
Desde que o mundo digital � mundo, rob�s s�o criados para ampliar a escala da a��o humana ou fazer estragos. � assim com propaganda por e-mail, que custa muito menos para quem dispara do que para quem recebe. Ainda mais no Brasil, onde nada acontece contra empresas que desrespeitam regras elementares de boas maneiras, como n�o mandar lixo eletr�nico para quem n�o quer receber.
A cada vez que um marqueteiro executa um disparo de spam (propaganda n�o solicitada), milh�es de pessoas perder�o tempo lendo, apagando a porcaria e pagando pela conex�o. Se um percentual �nfimo de todos os atacados pelo spam acabar comprando um produto anunciado, ter� sa�do barat�ssimo para quem disparou a propaganda em massa. Algu�m j� viu um marqueteiro informar na presta��o de contas ao cliente a raiva do p�blico e o dano que o spam causa � imagem de uma marca?
Mencionei rob�s, assim como poderia ter mencionado aplicativos, mas nem tudo funciona na base da automa��o. O business inclui as chamadas "fazendas" de "likes". Ou seja, seres humanos s�o contratados para criar perfis em redes sociais (n�o necessariamente falsos) e vender cada clique dado por alguma fra��o de centavo. O neg�cio � internacional e recruta m�o de obra barata onde houver.
Al�m do e-mail e do Facebook, o Twitter e o Google+ tamb�m se prestam a empulha��es, ainda que n�o queiram. Apesar de contribu�rem para a audi�ncia desses servi�os, as fraudes acabam tirando a gra�a das redes sociais e arranhando a credibilidade do sistema.
Na buyfacebook-likes.org, mil f�s ou curtidas custam US$26; 5.000 seguidores no Twitter custam US$ 32; e mil votos no Google+ custam US$ 75,50. Prometem entregar os resultados num prazo de 24 a 72 horas. O servi�o est� ficando t�o sofisticado que vendem f�s segmentados por regi�o geogr�fica.
Para completar a palha�ada, as redes sociais est�o sendo infestadas por mensagens como "Retribuo likes em dobro", "Troco 50 likes" e "SDV", que significa "sigo de volta", em que man�acos do "selfie" trocam "prest�gio". � o que fazem nos coment�rios de fotos no Instagram de Neymar (instagram.com/neymarjr), para desgosto do jogador, com mais de 4 milh�es de seguidores. Rid�culo � pouco.
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