Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conte�do do UOL de 1996 a 2011.
Contra o Facebook
Hoje comecei um teste. Decidi experimentar ficar sem o Facebook no meu celular. Se der certo, vou estender o experimento ao iPad e, quem sabe, tamb�m ao computador.
Impetuosa, botei o dedo sobre o �cone do aplicativo e esperei ele come�ar a tremelicar, como � a regra no iPhone. Ele tremelicou. Respirei fundo e apertei o pequeno xis, que simboliza o apagar. Veio o alerta: se apagar o aplicativo, todos os dados ser�o apagados tamb�m.
Alpino | ||
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Que amea�a! Sei bem que n�o basta apagar o aplicativo para todos os dados pessoais sumirem do Facebook. Isto requer outro tipo de iniciativa. Ent�o por que mentem? O Facebook vai dizer que � coisa da Apple. A Apple pode responder que trabalha com "padr�es de mercado". E a gente que reclame nas redes sociais!
Suponho que esse tipo de amea�a seja apenas um dos maus h�bitos da ind�stria de aplicativos (ou "'�ps", da abreviatura em ingl�s "apps", como os mais pedantes se referem a "software" hoje em dia). Nessa ind�stria, o n�mero de "usu�rios" valoriza um neg�cio, ainda que os "usu�rios" sejam "inativos", o que a empresa s� vai informar se n�o tiver como ocultar. Isto me lembra Rubens Ricupero, aquele ministro da Fazenda que, sem saber que o sinal j� estava aberto para antenas parab�licas, disse � TV Globo: "O que � bom a gente fatura; o que � ruim, esconde-se!"
O fato � que sumi com o aplicativo do Facebook. Senti uma sensa��o boa. Aproveitei o entusiasmo e apaguei tamb�m os aplicativos do LinkedIn, do Lulu (que instalei para testar e achei simplesmente p�ssimo) e at� do Viber (algo entre o Skype e o WhatsApp). Combinei comigo mesma que vou observar o que acontecer� com as minhas m�os da pr�xima vez que ficar � toa com o telefone na m�o. Ser� que vou tremer? Ser� que entrarei na App Store e baixarei tudo de novo? Ou vou me esquecer aos poucos dessa mania de ficar fazendo a ronda na internet, checando as atualiza��es das redes e esperando rea��es a cada coisa que publico, nem sei bem por qu�?
S�rio mesmo: o Facebook � a maior perda de tempo que conheci na vida. Quanto mais amigos eu "fa�o", mais me distancio das pessoas que s�o realmente importantes para mim. A fatalidade � que sempre perco informa��es de quem me importa no meio da balb�rdia da multid�o a que estou conectada.
Quando fiz essa observa��o outro dia, o engenheiro Lu�s Villani comentou que eu havia descoberto o "segredo de Tostines". Evocava a mem�ria de uma velha propaganda de televis�o, que explorou o seguinte mote: o biscoito vende mais porque � fresquinho ou � fresquinho porque vende mais? O Facebook � relevante porque estamos conectados a pessoas relevantes ou o Facebook � med�ocre porque nossos "amigos" s�o med�ocres? Ou uma rede social teria a capacidade de deixar as pessoas med�ocres?
Ser� que n�s, brasileiros, parecemos t�o "soci�veis" porque achamos rude n�o aceitar "pedidos de amizade"? Ser� que supervalorizamos nossa imagem "popular", por isso colecionamos conex�es como se fossem figurinhas de um �lbum da Copa? Vamos fazer o qu�? Come�ar de novo? E por que n�o?
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