Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conte�do do UOL de 1996 a 2011.
Trai��o
Acordei com um e-mail do Gerald Thomas: "Oi, meu amor, fico recebendo coisas do tipo: Marion te adicionou ao TWOO ou algo assim. O que vem a ser isso? Love, J".
O Gerald, um internauta veterano, resolveu perguntar antes de sair clicando no link que recebeu por e-mail. Fez bem.
Alpino | ||
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Embora o e-mail tivesse at� uma foto minha, n�o fui eu que mandei.
Quem mandou foi um site maligno que funciona em 37 idiomas e inferniza o p�blico disparando e-mails a torto e a direito. Ele se aproveita dos contatos do seu computador e do seu Facebook.
O site pertence � empresa belga Massive Media e diz atrair 9,6 milh�es de pessoas por m�s, citando dados da comScore de novembro do ano passado.
Essa atra��o � feita com base em trai��o, o que n�o chega a ser novidade na internet.
O principal executivo do Twoo, Lorenz Bogaert, prometeu corrigir o "mal-entendido" quando foi questionado. Mas o problema persiste.
Mal tinha respondido ao e-mail do Gerald, recebo um outro com logotipo do Serasa. Trazia um aviso eletr�nico de multa do Detran em meu nome e link para um boleto.
Estranhei. Da� me ocorreu pousar o cursor sobre o link enviado para observar a URL que aparecia (aquele endere�o eletr�nico de um site). Pronto: o endere�o n�o era derivado da fam�lia de endere�os do Serasa (www.serasa.com.br ou www.serasaexperian.com.br). Apaguei.
H� muitos anos n�o passo uma semana sem receber e-mails maliciosos, em nome de bancos, empresas ou pessoas, conhecidas ou desconhecidas, com pedidos ou convites, anexos ou links que nada mais s�o do que armadilhas.
Segundo a multinacional de seguran�a Websense, baseada em San Diego, Calif�rnia, apenas o envio de links maliciosos cresceu 600% no �ltimo ano. Do total de e-mails em circula��o, apenas 21,6% eram leg�timos, sendo 76,4% deles spams (e-mails n�o solicitados), 1,6% phishing (tentativa de recolher nome de usu�rio, senha ou dados de cart�o de cr�dito) e 0,6% malware (software malicioso).
Como sair ileso? Abrindo m�o da curiosidade. Desconfiando de tudo e de todos, especialmente de mensagens que n�o sejam evidentemente apenas para voc�. Checando endere�os antes de clicar em um link. N�o abrindo nenhum anexo a n�o ser aquele que voc� j� estava esperando. Evitando aplicativos de um modo geral, a n�o ser que sejam muito bem recomendados.
Vale fazer tudo isso? N�o sei.
Fiquei pensando nos jovens que em vez de e-mail usam celular e redes sociais. Lembrei que spam, links maliciosos e softwares maliciosos j� aparecem tamb�m em celular e redes sociais.
Fiquei matutando sobre quanto tempo e dinheiro gastamos para driblar as arapucas da internet. Pensei no mote que parece ser: "Crie problemas e venda solu��es". Ou: "Crie p�nico e venda tranquilidade".
Lembrei da arquitetura da viol�ncia. Moro num condom�nio que se enche de grades e c�meras de seguran�a enquanto adolescentes s�o roubados e mortos na cal�ada da frente. Pensei que as estat�sticas servem para explorar o medo e comercializar produtos. N�o exatamente para melhorar servi�os ou a qualidade de vida das pessoas.
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