Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conte�do do UOL de 1996 a 2011.
Valent�es S/A
Algumas pessoas entenderam pelo meu �ltimo artigo que n�o acredito em psiquiatria. Quero desfazer essa impress�o.
Psiquiatria n�o � quest�o de f�. Penso que se as pessoas tomam rem�dio para colesterol alto ou press�o alta, por que n�o haveriam de tomar para "depress�o alta"?
Eu falava que a depress�o � um dos motivos que levam as pessoas a mergulhar de cabe�a nas redes sociais. O deprimido se isola, e p�ginas como o Facebook podem ser um bom passatempo. Quer dizer, bom ou mau. Depende.
A depress�o � uma doen�a que afeta algo em torno de 20% da popula��o mundial ao menos uma vez na vida. Vamos olhar para os lados. A doen�a caracteriza-se pelo isolamento, pela autocomisera��o, pela desesperan�a, pelo autoflagelo.
Depress�o n�o � sin�nimo de tristeza. Encarar depress�o como um estado de humor e achar que a pessoa pode se curar sozinha � priv�-la de ajuda m�dica. Isso � s�rio. Suic�dio � a pior consequ�ncia da omiss�o de socorro.
Depress�o � uma doen�a biol�gica ou comportamental. Ou ambas.
Nem toda depress�o traz tristeza. Depress�o pode trazer irrita��o e ansiedade, por exemplo.
As doen�as psiqui�tricas mais populares podem ser subdivididas de acordo com os sintomas em dois grandes grupos: neuroses ou psicoses. Depress�o, ansiedade ou p�nico est�o no grupo das neuroses, enquanto alucina��o, del�rio ou paranoia est�o no grupo das psicoses.
Parece simples? N�o �. N�o h� distin��o clara entre casos comuns e problemas mentais severos. E sintomas de neurose e psicose podem surgir simultaneamente.
Se voc� quer ajudar algu�m ou ser ajudado, procure um m�dico.
Isso posto, posso voltar a falar sobre o comportamento dos usu�rios de redes sociais.
Minha impress�o � que as redes sociais exacerbam certos comportamentos, inclusive psicoses. Sim, estou falando de perda de contato com a realidade.
Todo o mundo pode ser valent�o do outro lado da tela do computador. � muito mais comum encontrar um valent�o no Twitter do que nas ruas da cidade.
Fiquei boba com a rea��o � visita ao Brasil da dissidente e blogueira cubana Yoani S�nchez no m�s passado. Na vida real, seu primeiro compromisso em solo nacional, que era a proje��o de um document�rio em Feira de Santana (BA), teve de ser cancelado devido a protestos. Como assim? Impede-se a proje��o de um document�rio por discord�ncia ideol�gica? Onde estamos? Brasil? S�culo 21?
Na internet, o m�nimo que ouvi em redes sociais foi um grito retumbante: "Fora, Yoani".
Pessoalmente, sei apreciar os avan�os da sociedade cubana e sua import�ncia para o mundo. Mas n�o compactuo com a falta de liberdade de express�o e com o cerco ao direito de ir e vir.
Simples assim.
N�o podemos conviver com opini�es discordantes? Por que os gritos de "Fora,Yoani"?
Quando perguntei isso no Twitter, os covardes se calaram.
Ent�o penso que o embate nas redes sociais est� educando os cidad�os aos poucos. � um processo longu�ssimo e doloroso. Mas, no embate cotidiano, alguma coisa melhor h� de surgir.
Ah, sim, h� de surgir.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade