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marion strecker

 

17/09/2012 - 03h30

Eu odeio tecnologia

Acabo de voltar ao Brasil. Tentando fazer a vida pr�tica funcionar, ou�o mais uma vez a musiquinha da Vivo no viva-voz, enquanto digito este texto com o f�gado. Mais uma vez espero com paci�ncia de J�, que n�o tenho, a hora em que algum ser humano possa dizer al� e consiga resolver um problema banal: como fazer um telefonema.

Muito precavida, havia pedido para meu marido comprar com anteced�ncia um chip brasileiro para mim, para que, quando chegasse, j� tivesse um celular. Ele comprou. Mas, quando cheguei e instalei o chip no iPhone com o qual usava a AT&T nos EUA, notei que o telefone estava bloqueado. Como a AT&T n�o fez roaming para mim, meu n�mero americano n�o funciona aqui.

Fui ent�o � loja da Vivo, investi duas horas em rever o plano familiar e pedi que desbloqueassem o aparelho. Ouvi um n�o. Fui ent�o at� a Marechal Deodoro, no centro de S�o Paulo, em busca de algu�m que desbloqueasse meu iPhone na porrada, j� que seria mais pr�tico do que comprar outra passagem para os EUA. N�o encontrei o sujeito certo, e o rapaz que me atendeu na lojinha debaixo do Minhoc�o me pediu para deixar o iPhone e buscar no dia seguinte. Perguntei se os dados seriam apagados. Ele disse que sim. A� eu disse n�o, obrigada.

Voltei para casa pensando que meu desktop est� preso com minha mudan�a em alguma doca do porto de Santos, esperando alguma greve da Receita Federal acabar, de modo que n�o posso agora fazer um backup completo do meu iPhone.

Meu marido, ent�o, me emprestou seu Samsung, mas n�o consegui que ele se entendesse com meu chip Vivo. Ele ent�o me emprestou seu iPhone (que havia sido meu e j� estava desbloqueado pela Vivo). Peguei o iPhone, o carro e fui passar o 7 de Setembro na praia.

Naquele dia, n�o s� eu mas todos que usavam Vivo � minha volta ficaram sem telefone, numa regi�o que a Vivo sempre primou por atender melhor que os concorrentes: o litoral norte de S�o Paulo.

Quando enfim consegui falar com a Vivo no feriado, gastei mais duas horas para entender se estava tudo ok, se os planos contratados estavam corretos e ent�o desliguei. Achei que seria bom ficar desligada, j� que estou mesmo tentando uma desintoxica��o digital depois que descobri minha depend�ncia tecnol�gica.

Mas na segunda-feira passada precisei fazer um telefonema internacional em S�o Paulo e meu inferno recome�ou. Tentei o novo Net Fone da casa, sem sucesso. Teriam as regras mudado? O 21 da Embratel n�o funciona mais? Tentei a Vivo e o 15, mas ouvi a seguinte mensagem: este telefone n�o est� habilitado a fazer chamadas no momento.

Ser� que ouvi bem? Tentei de novo. Mesma resposta: este telefone n�o est� habilitado a fazer chamadas no momento!

Tentei ficar calma. Se � assim, vamos habilit�-lo, certo?

Liguei mais uma vez para a Vivo. Fiquei 13 minutos com nervos de a�o ouvindo musiquinha at� que uma longu�ssima grava��o informou que a Vivo estava com uma s�rie imensa de problemas que nem consegui decorar, de t�o grande. Disse tamb�m que esperavam resolver os problemas at� as 23h. Eram 17h48. Tentei uma vez mais, ouvi mais musiquinha, at� que o sistema me bateu o telefone na cara.

marion strecker

Marion Strecker � jornalista e cofundadora do UOL. Come�ou sua carreira como professora de m�sica e coeditora da revista Arte em S�o Paulo. � formada em comunica��o social pela PUC-SP. Trabalhou na Reda��o da Folha entre 1984 e 1996, onde foi redatora, cr�tica de arte, editora da 'Ilustrada', editora de suplementos, coordenadora de planejamento, coordenadora de reportagens especiais, rep�rter especial, diretora do Banco de Dados, diretora da Ag�ncia Folha e coautora do Manual da Reda��o. � colunista da Folha desde 2010. Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conte�do do UOL de 1996 a 2011. Viveu em San Francisco, Calif�rnia, de julho de 2011 a julho de 2012, atuando como correspondente do portal. Mudou-se para Nova York, onde come�ou a escrever um livro sobre internet, previsto para sair pela Editora Record. Atualmente vive em S�o Paulo.

 

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