Na Sapucaí, ingressos encalhados e escolas em crise financeira. Nos blocos de rua, a ameaça da violência, ampliada pelo policiamento deficiente, e o corte de verbas que atrapalha a organização. Jogando contra ambos, um prefeito que não gosta de Carnaval.
A temporada momesca carioca já está a toda, com ensaios nas quadras e nas ruas, mas começou sob maus augúrios. Não poderia ser diferente, numa cidade arrasada pelas gestões incompetentes e criminosas de sucessivos governos do MDB.
O risco maior vem do desmantelamento da segurança pública. O Rio não tem mais controle nem sobre suas vias, como ficou novamente demonstrado nesta quarta (31), quando a Linha Amarela foi fechada por conta de tiroteio na Cidade de Deus. Dias antes, o mesmo havia acontecido com a avenida Niemeyer e a autoestrada Lagoa-Barra.
Houve ainda a trágica morte do garçom Samuel Coelho, 24, baleado no sábado (27) durante confronto entre policiais e bandidos, que por pouco não vitimou também os foliões de um bloco da Tijuca. O crime serviu para lembrar que, apesar de estar cheia de turistas e de eventos pré-carnavalescos, a cidade não tem um plano de policiamento para este período.
Se há um consolo, é que o Carnaval é por natureza a festa da resistência e do protesto debochado contra tudo isso que está aí –os políticos larápios, o conservadorismo castrador, o baixo astral das sucessivas crises.
Tanto na Sapucaí quanto nos blocos, enredos e sambas críticos vão dar o tom, mirando principalmente o prefeito Marcelo Crivella e sua perseguição de cunho religioso à maior celebração popular do país.
Resta aos cidadãos e visitantes do Rio retomar as ruas e fazer um Carnaval de alegre inconformismo. Porque a gente não perde o prazer de cantar, ainda que façam de tudo para silenciar a batucada dos nossos tantãs.
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