RIO DE JANEIRO - Historicamente mal provido de transporte público, o Rio convive há décadas com a ilegalidade de veículos informais que ocupam o vácuo deixado por Estado e prefeitura. Parte significativa da população se vale deles diariamente, não raro por falta de opção.
Os exemplos mais conhecidos são as vans que dominam a zona oeste, boa parte delas explorada por milícias, e os mototáxis presentes em qualquer favela para fazer o sobe e desce do morro –estes também regidos por milicianos ou traficantes.
Agora, esse modus operandi do transporte ilegal chegou à água: na Barra da Tijuca, lanchas e barcos particulares tomaram as lagoas de Marapendi e da Tijuca, fazendo transporte pago de passageiros. Era apenas lógico: o bairro, em contínuo crescimento, tem uma geografia que favorece o deslocamento aquático, com inúmeros canais à beira dos quais estão imensos prédios residenciais, shoppings e serviços.
A ocupação destas águas começou com embarcações ligadas às dezenas de condomínios, mas, a partir da inauguração da linha 4 do metrô, cujo ponto fica no início do bairro, explodiu. Hoje, há ao menos 15 "empresas" de transporte aquático –já reunidas em associação, inclusive.
O passageiro liga para um telefone celular, diz em que píer está e para qual vai, e em minutos chega o "táxi". Os preços variam conforme a distância, numa média de R$ 10 para um deslocamento de cerca de cinco minutos. Os barcos são quase todos muito simples e mal conservados.
Não há nenhum sinal de que tenham sido submetidos à fiscalização: a maioria não tem coletes salva-vidas e anda em alta velocidade, conduzida por gente que não parece exatamente qualificada. Pior: há claros sinais de cartelização –os preços foram tabelados, por exemplo. Já passou da hora de o poder público intervir.
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