Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve �s quintas.
Censura ao funk carioca � na base do tiro, porrada e bomba
Reuters | ||
A funkeira Tati Quebra Barraco durante show |
RIO DE JANEIRO - A classe art�stica que ora se mobiliza para protestar contra a censura a exposi��es, pe�as e outras manifesta��es culturais poderia abrir um pouco mais o leque para incluir um g�nero que vem sendo censurado h� mais tempo e com mais vigor: o funk carioca.
Como aconteceu com outros ritmos negros de periferia —notoriamente, o samba—, o funk foi discriminado desde sua origem. Os pr�prios sambistas protestaram quando ele passou a ser a express�o preferencial da juventude das favelas. Viam-no como uma m�sica menor e temiam pela falta de renova��o no samba —o que n�o aconteceu; ao contr�rio, os dois g�neros se encontraram, n�o raro com bons resultados.
Quando o funk desceu o morro rumo �s boates da elite, festas de casamento e de anivers�rio, programas de TV e de r�dio, quem reagiu foi a mesma turma que atualmente mira as exposi��es. Acusaram-no de pornogr�fico, de criminoso, exatamente como fazem agora com quadros e performances.
Mas a censura ao funk foi muito pior, porque n�o se restringiu a conservadores e moralistas indignados. Ela veio armada, por meio dos PMs que atuam em comunidades. Desde a instala��o das Unidades de Pol�cia Pacificadora, sucederam-se relatos de proibi��o de bailes. Quem decidia se eles podiam acontecer ou n�o eram os comandantes das UPPs —e isso foi aceito passivamente pela popula��o do asfalto, em nome da "pacifica��o" cujos resultados se veem hoje.
Em muitas favelas, n�o h� nem sequer di�logo: v�deos e fotos postados em redes sociais mostram "caveir�es" da PM destruindo equipamentos de som e acabando com as festas. Tiros e granadas tamb�m s�o usados. S� nos �ltimos seis meses houve ao menos cinco casos desses, segundo registro do Defezap, projeto on-line que recebe den�ncias de viol�ncia policial.
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