Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve �s quintas.
Militares contra a Justi�a civil
Apu Gomes/Folhapress | ||
Soldado inspeciona mochila durante opera��o contra roubo de cargas no Rio de Janeiro |
RIO DE JANEIRO - Externando o que possivelmente � uma vis�o majorit�ria nas For�as Armadas, o comandante do Ex�rcito, general Villas B�as, usou uma rede social para mostrar seu pouco apre�o pela Justi�a civil, ao menos quando a ela compete julgar seus soldados.
"A Op GLO [opera��o das For�as Armadas] no RJ exige seguran�a jur�dica aos militares envolvidos. Como comandante tenho o dever de proteg�-los. A legisla��o precisa ser revista", escreveu ele, na segunda (7). A lei que o general quer mudar � a que determina que militares sejam julgados pela justi�a comum quando cometem crimes dolosos contra a vida de civis.
H� um projeto de lei, atualmente no Senado, que prev� que esse tipo de crime seja tratado pelos tribunais militares. A proposta foi lan�ada no ano passado, visando a Olimp�ada, e foi aprovada na C�mara dos Deputados. Em linhas gerais, � a cria��o de um foro privilegiado para soldados que matem civis.
� dif�cil entender por que Villas B�as acha que falta "seguran�a jur�dica" para seus homens atuarem no combate � viol�ncia no Rio. Se um dos 10 mil militares da ocupa��o matar um civil —ainda que seja um criminoso—, ser� julgado pelos mesmos tribunais que julgam PMs e todos os demais cidad�os, com o mesmo direito � defesa. Por que isso os deixaria desprotegidos?
Para cumprir o dever de proteger seus homens, basta ao general dar-lhes treinamento e equipamentos adequados. Coloc�-los fora do alcance da lei dos cidad�os comuns, no contexto da atua��o no Rio, n�o � prote��o, � licen�a para matar.
De resto, al�m de sinalizar desprezo pela Justi�a civil, a manifesta��o demonstra pouco conhecimento dela: numa cidade em que quase todas as mortes cometidas por PMs viram "auto de resist�ncia", n�o s�o as for�as de seguran�a que est�o desamparadas nos tribunais.
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