Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve �s quintas.
Incapaz de garantir seguran�a, Rio libera o 'salve-se quem puder'
Ricardo Borges - 3.abr.2017/Folhapress | ||
Funcion�rios lavam a escola Daniel Piza, em Acari (zona norte do Rio), onde garota morreu baleada |
RIO DE JANEIRO - "N�s perdemos completamente o controle da seguran�a p�blica no Rio, ningu�m consegue mais se locomover com tranquilidade", escreveu Rodrigo Maia nas redes sociais, na ter�a (18). A constata��o do presidente da C�mara vem com meses de atraso, mas � correta.
Incapaz de prover seguran�a, o poder p�blico cada vez mais transfere aos cidad�os a responsabilidade por sua pr�pria defesa contra a viol�ncia. Um exemplo disso � a lei municipal promulgada na semana passada que permite a conjuntos residenciais restringir o acesso de carros e de pedestres �s ruas nas quais est�o instalados.
A presen�a de cancelas e guaritas nas entradas de condom�nios de pr�dios ou de casas n�o � novidade. Nova � a permiss�o para proibir que "ve�culos estranhos aos moradores" tenham acesso �s vias p�blicas. Pessoas tamb�m podem ser barradas entre 22h e 7h. Um bairro inteiro do Rio -Vila Kosmos, na zona norte- j� se transformou numa fortaleza.
Outra lei recente que tem esp�rito semelhante -"j� que eu n�o consigo te proteger, eis a autoriza��o para voc� se virar"- � a que pro�be o uso de radares de velocidade em "�reas de risco". Como os motoristas vinham sendo assaltados quando desaceleravam perto dos "pardais", o governo decidiu liberar a correria. � mesmo mais f�cil do que policiar as ruas, e danem-se os pedestres, ciclistas e o C�digo Nacional de Tr�nsito.
De modo inconsequente, mas coerente, a lei n�o define quais s�o as "�reas de risco". Dado o estado atual das coisas, os motoristas podem sentir-se plenamente autorizados a correr na cidade toda, a qualquer hora.
Ambas as leis encontram apoio numa vasta parcela da popula��o amedrontada, que parece n�o perceber que est� abrindo m�o de receber a seguran�a p�blica a que tem direito -assim como j� desistiu da sa�de e da educa��o.
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