Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve �s quintas.
Encontro de Paulinho da Viola e Marisa Monte redime um pa�s em crise
Jo�o Luis Soares/Divulga��o | ||
Os cantores Paulinho da Viola e Marisa Monte |
RIO DE JANEIRO - Projetos que re�nem grandes artistas costumam gerar expectativas imensas, n�o raro frustradas. Foi sob o peso delas que Paulinho da Viola e Marisa Monte fizeram uma curta s�rie de sete show—tr�s em S�o Paulo, um em Belo Horizonte e tr�s no Rio—, encerrada no �ltimo domingo (11).
O que se viu no palco foi um encontro hist�rico que correspondeu ao que se esperava. Dois dos mais elegantes artistas do pa�s, em forma sublime, honrando a melhor tradi��o da m�sica popular brasileira e, em particular, do samba carioca.
Quem assistiu � dupla cantando a hoje centen�ria "Carinhoso" (de Pixinguinha e Jo�o de Barro) no document�rio sobre Paulinho ("Meu Tempo � Hoje") pode ter uma ideia do que foi v�-los interpret�-la ao vivo.
� imposs�vel exagerar a eleg�ncia de Paulinho –sua voz, seu modo de tocar e de cantar, seu figurino, suas composi��es, tudo exala uma altivez e um senso de tradi��o que remetem aos bambas com quem aprendeu a fazer m�sica. Marisa, igualmente reconhecida por sua finesse, mostrou-se em excelente forma vocal, como h� anos n�o se via.
O contraste entre as vozes —a de Paulinho, grave e baixa, e a de Marisa, aguda e alta— cria uma din�mica agrad�vel nas can��es em que dialogam, como "Sinal Fechado", um dos muitos cl�ssicos dele presentes no concerto. A dupla se complementou tamb�m nos gestos em cena: ele, discreto; ela, expansiva.
Marisa sempre foi tribut�ria de Paulinho —e ambos, da Velha Guarda da Portela. Boa parte do show � dedicada ao repert�rio da escola. S� a sequ�ncia com "Quantas l�grimas" (Manac�a), "Sofrimento de Quem Ama" (Alberto Lonato), "Preciso me Encontrar" (Candeia) e "Foi um Rio que Passou em Minha Vida" (Paulinho da Viola) j� justificaria o encontro.
Em meio a uma temporada t�o nefasta, especialmente no Rio, foi um alento poder testemunhar a beleza da arte que este pa�s � capaz de produzir.
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