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� planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finan�as Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve �s segundas.
"Precisamos entender a import�ncia que temos para os bancos"
Fernando Fraz�o/Folhapress | ||
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Correntistas, investidores e tomadores de empr�stimo geram a principal receita dos bancos |
Sabemos como � desigual o jogo de for�as entre n�s e os bancos. Depois de tantas fus�es, a quantidade de bancos diminuiu muito e parece que estamos cada vez mais ref�ns das grandes institui��es financeiras, que ditam as regras.
Contando com o apoio do Banco Central do Brasil, �rg�o regulador e fiscalizador desse mercado, n�s, consumidores, precisamos entender a import�ncia que temos para os bancos, caso contr�rio, seremos tratados apenas como os chatos dos clientes que est�o sempre reclamando.
Voc� j� parou para pensar que somos n�s os principais respons�veis pela gera��o de receita dos bancos? Sozinhos, somos um gr�o de areia e nossa import�ncia � perto de zero, mas, em conjunto, somos o motor que o banco precisa para ser a empresa lucrativa que �.
Na �poca de infla��o elevad�ssima, os bancos ganhavam muito dinheiro com o que era chamado de "float". Todo o dinheiro depositado em conta-corrente, sem custo para o banco, era aplicado no "overnight", que chegou a pagar 2% ao dia. Aplicavam o dinheiro dos cidad�os que pagavam suas contas e seus impostos antes de recolher aos favorecidos finais muitos dias depois.
O ganho com a infla��o era t�o alto que os bancos n�o cobravam pelos servi�os banc�rios, quase todos eram isentos de tarifas.
A partir do Plano Real, com a infla��o reduzida, os bancos foram for�ados a encontrar outro jeito de ganhar dinheiro e passaram a cobrar por todo e qualquer servi�o que prestam.
Emprestar dinheiro e cobrar juros �, ou pelo menos deveria ser, a principal fonte de receita dos bancos. O lucro vem do "spread", diferen�a entre os juros que pagam aos investidores e os juros pagos pelos devedores. Juntos, tarifas e "spread" substitu�ram o ganho com o "float" do passado.
Sabe quem paga juros e tarifas? N�s, eu, voc� e todas as pessoas e empresas que usam os servi�os banc�rios. N�s, correntistas, investidores ou tomadores de empr�stimos, geramos a maior parte da receita dos bancos.
Voc� j� calculou sua contribui��o para o enriquecimento dos bancos? Suponha o custo mensal de R$ 60 de uma conta-corrente, R$ 720 por ano. Tr�s DOCs ou TEDs por m�s, mais R$ 360 no ano. A anuidade de um cart�o de cr�dito, outros R$ 90 por m�s, R$ 1.080 por ano. Saldo devedor de R$ 5.000 no cheque especial por 60 dias coloca mais R$ 940 no caixa do banco. Financiou a fatura do cart�o de cr�dito de R$ 3.000 por tr�s meses? Acabou de transferir mais R$ 1.500 para o j� recheado caixa dele. Total das suas despesas, receita do banco, R$ 4.600 no ano. Mantido esse padr�o, em cinco anos, R$ 23.000.
Ah, voc� � investidor, n�o paga o pacote de tarifa da conta-corrente porque tem uma boa carteira de investimento, n�o precisa de empr�stimo e odeia pagar juros?
O banco tamb�m adora voc�, sabia?
Suponha um investimento de R$ 100 mil na poupan�a que n�o cobra tarifa nem corretagem. O banco remunera seu capital com juros pr�ximos a 7% ao ano e cobra juros de
7% ao m�s (exemplo bonzinho) quando empresta. Em um ano, ganhou quase R$ 120 mil de "spread".
Voc� investe R$ 200 mil em fundos de investimento e paga taxa de administra��o m�dia de 2% ao ano. O banco ganha R$ 4.000 por ano para aplicar o seu dinheiro. Em cinco anos, R$ 20 mil. Em dez anos, R$ 40 mil. Sem correr nenhum risco.
Voc� tem um plano de previd�ncia em que investiu R$ 300 mil. Pagou taxa de carregamento de 2% (R$ 6.000) e taxa de administra��o de 2,5% ao ano (R$ 7.500). S� no primeiro ano gerou receita de R$ 13.500.
Nem vou te contar quanto o banco ganha sobre os t�tulos de capitaliza��o que voc� compra para ajudar o gerente. Mas posso garantir que � muito, muito dinheiro.
Viu quanta riqueza nossa transferimos para o banco? N�o � para ficar com raiva nem chamar o banco de ladr�o, mas nos conscientizarmos da import�ncia que temos para os bancos.
Cientes do poder que temos e do valor que agregamos, o jogo fica mais equilibrado nas negocia��es. E, se o jogo estiver muito desigual, buscar outra institui��o que reconhe�a nosso valor, disposta a estabelecer relacionamento mais justo, favor�vel a ambas as partes.
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