![marcia dessen](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15142442.jpeg)
� planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finan�as Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve �s segundas.
Saiba se agora ainda � a hora de investir em pap�is com taxa prefixada
Fernando de Almeida/Folhapress | ||
![]() |
||
O gerente da minha conta banc�ria me ligou sugerindo investimento em taxa prefixada para colher ganhos com a taxa de juros em queda. Agradeci a iniciativa, mas n�o mergulhei de cabe�a na sugest�o
dele. E explico por qu�.
A taxa b�sica sofreu um corte de 0,75 ponto percentual na mais recente reuni�o do Copom e mudou de 13,75% para 13% ao ano. O presidente do Banco Central sinalizou que esse ser� o novo ritmo de redu��o dos juros. O mercado estima que chegaremos ao fim de 2017 com a taxa Selic no patamar de 9,5% ao ano.
Se voc� observa a Selic ainda em 13% e acredita que ela cair� para 9,5%, contabiliza uma queda de 3,5 pontos percentuais e um bom lucro no bolso se investir agora em taxa prefixada. S� que n�o � bem assim.
A taxa de juros prefixada praticada no mercado j� caiu bastante no segundo semestre de 2016, antecipando que haveria cortes na Selic. No auge da crise de 2016, o Tesouro Prefixado, t�tulo que remunera taxa prefixada de juros, chegou a pagar 17% ao ano. Na sexta (27), pagava 10,41% nos t�tulos de dois anos e 10,88% nos t�tulos de seis anos.
Quem arriscou e comprou t�tulos prefixados a 16%, 15%, 14% ao ano j� ganhou ou pode ganhar um bom dinheiro se vender agora com desconto de 10,41%. Ou manter o t�tulo at� o vencimento e ganhar a taxa negociada, que deve ser superior � m�dia da Selic. � poss�vel afirmar isso porque � muito grande a diferen�a entre a taxa comprada e a atual.
Quem compra um t�tulo agora, entre 10,40% e 10,88%, s� tem chance de ganhar se confirmada a queda continuada e acelerada da Selic. Qualquer revers�o dessa tend�ncia pode comprometer a estrat�gia.
Ah, ent�o vou investir em fundos de investimento que est�o com as carteiras recheadas de t�tulos comprados com a taxa alta que n�o est� mais dispon�vel no mercado. Bom demais para ser verdade, n�o � assim que a banda toca.
Quem tem o direito de abocanhar os lucros? Voc� que est� chegando agora, diante de um cen�rio definido de redu��o dos juros, ou quem arriscou e investiu h� alguns meses?
� evidente que s� o segundo grupo tem o direito de se beneficiar dos ganhos.
Para garantir que somente os investidores que j� estavam no fundo sejam beneficiados, os administradores de fundos s�o obrigados a marcar a mercado diariamente os ativos da carteira. O mecanismo obriga que o valor de mercado do t�tulo seja apurado e contabilizado. O valor da cota muda, para cima ou para baixo, refletindo a valoriza��o ou desvaloriza��o dos ativos da carteira. O procedimento impede a transfer�ncia de riqueza, ou seja, que os ganhos ou perdas de um grupo de investidores sejam transferidos a outro grupo que pega o bonde andando e n�o tem nada a ver com a hist�ria passada.
Tudo isso pra dizer que quem investir hoje em ativos ou fundos que aplicam em taxa prefixada pode estar superestimando a perspectiva de ganho. Esque�a a rentabilidade passada. O ganho ser� a diferen�a entre a taxa atual e a nova taxa prefixada de mercado, seja ela qual for. Convenhamos que o espa�o para especula��o diminuiu bastante. Para ampliar os ganhos (potenciais), � preciso aumentar o risco, alongando o prazo ou alavancando posi��es com derivativos.
Ainda vale a pena investir? Sim, se voc� estiver otimista e acreditar que a taxa Selic, ainda no patamar de 13%, vai cair e r�pido. Sim, para alocar somente parte de sua carteira e diversificar o risco. Sim, se voc� tiver a expectativa correta de ganho e ci�ncia de que esse ganho pode se transformar em perda se algum fato novo acontecer e a trajet�ria da taxa b�sica mudar de rumo.
N�o, se sua expectativa em rela��o ao cen�rio macroecon�mico � menos otimista do que as proje��es. N�o, se o dinheiro investido � o da sua reserva financeira, que n�o pode ser exposto a riscos e precisa de liquidez di�ria. N�o, se voc� n�o � capaz de entender que as aplica��es em "renda fixa" n�o s�o fixas e oscilam entre a data da compra e a data de vencimento.
Ah, vale a pena lembrar que o mesmo racioc�nio se aplica aos ativos atrelados a �ndices de infla��o cuja parcela prefixada ganha valor na redu��o dos juros. O chamado "cupom" desses ativos, que chegou a 7% ao ano, est� no patamar de 5,58% (2019), 5,59% (2024) e 5,51% (2035). Quanto mais longo, maiores o risco e a chance de ganhar se a taxa de juros cair.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade