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� planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finan�as Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve �s segundas.
Se voc� foi lesado pelo banco, bote a boca no trombone
Fernando de Almeida/Folhapress | ||
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Vicente � correntista de um grande banco de varejo e foi convencido pelo gerente a fazer uma aplica��o mensal comprando 30 t�tulos de capitaliza��o de R$ 20 –sim, 30 t�tulos de R$ 20 cada um todos os meses! Foi induzido a crer que, al�m da poupan�a, concorreria a pr�mios mensais... E assim Vicente depositava R$ 600 todos os meses no que acreditava ser um investimento com direito a pr�mios.
Pois bem, n�o satisfeito com o p�ssimo aconselhamento dado ao cliente, meses depois o mesmo gerente convenceu Vicente a trocar os 30 t�tulos de R$ 20 por 12 t�tulos de R$ 50. O argumento usado foi que o valor da aplica��o seriam os mesmos R$ 600 mensais, com chance de concorrer a pr�mios maiores. Vicente concordou, e a mudan�a foi feita. O esperto e nada �tico gerente deve ter festejado sua fa�anha de bom vendedor. Talvez tenha at� recebido o pr�mio de melhor batedor de metas da regi�o...
Dias depois, a conta-corrente de Vicente recebeu um cr�dito no valor de 50% do que havia depositado nos 30 planos adquiridos inicialmente. Ele procurou o gerente para reclamar e dizer que esperava receber a devolu��o de todo o valor depositado. Veja bem, ele nem queria juros, mas apenas o valor depositado de volta.
A resposta do gerente? Os outros 50% ficaram � disposi��o do banco, rendendo juros �nfimos, sem concorrer a pr�mio e ser�o devolvidos daqui a dois anos e meio. D� para acreditar?! Essa hist�ria n�o � fic��o. E voc�, assim como o Vicente, pode ser v�tima de um produto ruim, de um gerente pior ainda.
Os R$ 600 aplicados na poupan�a por tr�s anos teriam rendido juros de R$ 2.800. Em cinco anos, R$ 8.000. Esse � o preju�zo de Vicente, o montante de dinheiro que deixou de receber, depositando em um produto que n�o paga juros de mercado e, lamentavelmente, ludibriado por um gerente irrespons�vel.
Vou poupar a institui��o financeira e o gerente deixando de divulgar seus nomes. Esse n�o � o meu papel. Mas � o papel da institui��o financeira que patrocinou essa lamban�a e do �rg�o de fiscaliza��o, o Banco Central, e, ainda, dos �rg�os de defesa do consumidor.
Meu conselho a Vicente foi o de botar a boca no trombone e reclamar. Reclamar p�blica e formalmente para que seu caso sirva de exemplo e penas administrativas sejam aplicadas para punir o profissional e a institui��o que paga seu sal�rio.
S�o tr�s as frentes para formalizar a reclama��o e buscar ressarcimento das perdas. Primeiro, acionar diretamente a institui��o financeira. O passo a passo � ligar para o SAC, Servi�o de Atendimento ao Cliente, formalizar a reclama��o e solicitar ressarcimento do preju�zo. Se n�o obtiver resposta satisfat�ria no tempo prometido, acionar a ouvidoria da institui��o informando o protocolo de atendimento do SAC, refor�ando sua expectativa de ter seu caso solucionado.
Na sequ�ncia, registrar queixa no site do Banco Central do Brasil percorrendo o seguinte caminho: Cidad�o > Atendimento ao P�blico > Reclama��es contra institui��es financeiras. O BC n�o tem compet�ncia legal para interferir e atuar sobre o caso individual do cliente, entretanto o mero registro da reclama��o provocar� forte impacto na institui��o financeira. O ranking das institui��es com mais queixas � divulgado publicamente e os bancos fazem qualquer neg�cio para n�o aparecer mal nessa foto que tanto prejudica sua imagem e reputa��o.
Finalmente, acionar os �rg�os de defesa do consumidor. Ah, e n�o se esque�a do poder das redes sociais para manifestar publicamente a sua insatisfa��o.
N�o sabemos como a hist�ria de Vicente vai acabar. Sabemos que n�o ficar� como est�, sem responsabilizar os culpados e, com sorte, compensar o cliente prejudicado. Fa�a como Vicente, exer�a seus direitos, reclame e exija atendimento �tico e respons�vel.
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