Um leitor alertou que eu teria errado na coluna de 13 de abril, ao escrever que Isaac Newton viveu de 1642 a 1726: o correto seria 1643 a 1727. O assunto é complicado...
O problema é que um ano —tempo em que a Terra dá uma volta ao Sol— não é um número inteiro de dias: são 365 e uns quebrados.
Na república romana, não havia regra para resolver isso: a duração de cada ano civil era definida por decreto. E, como o fim do ano marcava o fim dos mandatos políticos, havia abusos.
Em 46 a.C., Júlio César criou um calendário fixo, com 365 dias e mais um inserido a cada 4 anos (ano bissexto). Isso funcionaria perfeitamente se o ano tivesse 365,25 dias, mas são apenas 365,2425 dias. Assim, o calendário juliano foi se deslocando com relação aos eventos astronômicos, o que causava mudança dos feriados religiosos.
Em 1582, o papa Gregório XIII criou uma regra que continua valendo: o dia extra não é mais inserido nos anos múltiplos de 100 que não sejam múltiplos de 400. Por exemplo, 1900 não foi bissexto e 2100
também não será.
As datas também foram adiantadas em dez dias, para recolocar as estações na posição certa com relação a equinócios e solstícios.
E o início do ano foi mudado para 1º de janeiro: antes era em 25 de março, o equinócio da primavera. É por isso que setembro se chama assim: era o sétimo mês do ano.
Muitos países demoraram a seguir a recomendação do papa. A Rússia só viria a fazê-lo no século 20, e é por isso que a revolução soviética de 7 de novembro de 1917 é chamada “revolução de outubro”. E a Inglaterra só adotou o calendário gregoriano em 1752.
Assim, Newton nasceu em 25 de dezembro de 1642, ou seja, 4 de janeiro de 1643 no calendário gregoriano. E morreu em 31 de março de 1727, pelo calendário gregoriano: pelo calendário vigente à época, era 20 de março e faltavam 4 dias para o final de 1726!
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