� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
Perspectivas industriais
Nos �ltimos meses, usei o livro "Padr�es de Desenvolvimento Econ�mico, Estudo Comparativo de 13 Pa�ses: Am�rica Latina, �sia e R�ssia", organizado pelo professor da UFRJ Ricardo Bielschowsky e editado pelo CGGE (Centro de Gest�o e Estudos Estrat�gicos), para tratar das experi�ncias de desenvolvimento desde o p�s-Guerra de diversos pa�ses que costumam ser alvo de compara��es com o Brasil.
N�o foram abordados todos os treze pa�ses do livro, mas os principais: Cor�ia do Sul, China, Indon�sia, M�xico, Chile, Venezuela e R�ssia. A Argentina foi tema de artigo mais antigo (24.jan.2013), que teve por base vers�o preliminar de seu cap�tulo. O desenvolvimento brasileiro � o mote central da coluna.
Hoje encerro tal sequ�ncia de artigos, usando a conclus�o, escrita pelo organizador, como ponto de partida para refletir sobre os resultados e as perspectivas da industrializa��o nessas regi�es.
H� semelhan�as vis�veis. Todos os pa�ses se industrializaram em algum grau, para o que utilizaram v�rios instrumentos de protecionismo e ativismo estatal. Todos passaram por urbaniza��o intensa, embora na Am�rica Latina (AL) isso tenha ocorrido mais cedo, mais r�pido e mais descontroladamente do que na �sia. Todos contaram com ampla oferta de m�o de obra.
H� tamb�m diferen�as marcantes e interligadas. A Am�rica Latina � bem mais rica em recursos naturais do que a �sia, com a exce��o parcial da Indon�sia. Isso implica que a pobreza era de in�cio maior na �sia. Em contrapartida, a concentra��o de renda era -e em geral ainda �- maior na AL.
As diferen�as se refletiram nas estrat�gias adotadas. Na �sia, a escassez de recursos naturais -e, logo, de divisas- fez com que a busca do mercado externo fosse condi��o para viabilizar a industrializa��o. A relev�ncia geopol�tica da regi�o na Guerra Fria permitiu base�-la em empresas nacionais ou ser seletivo na atra��o do capital estrangeiro, impondo contrapartidas, por exemplo, em termos de transfer�ncia de tecnologia. Os asi�ticos resistiram mais em liberalizar a movimenta��o de capitais, o que os deixaram menos expostos a crises externas.
Na AL, a partir dos anos 1970, a dificuldade de criar uma ind�stria inovadora e aut�noma deu for�a �s cr�ticas liberais e levou � reprimariza��o da estrutura produtiva, com exce��o parcial do M�xico e sua ind�stria dependente dos EUA ("maquiladoras") e do Brasil, em que a ind�stria de transforma��o sofre, mas resiste. Como resultado, o crescimento foi em geral bem menos descont�nuo na �sia.
Por�m, mesmo crescendo mais, a maior pobreza inicial faz os asi�ticos continuarem a ter rendas per capita inferiores �s dos latino-americanos, com a exce��o da Coreia do Sul, o caso mais bem-sucedido de industrializa��o tardia.
Essa � uma conjuga��o problem�tica para as perspectivas industriais do Brasil e da AL. O sucesso industrial e tecnol�gico de Coreia e China -al�m do Jap�o e de pa�ses menores como Taiwan- tem adicionalmente a vantagem de contar com enorme oferta de m�o de obra barata entre seus vizinhos asi�ticos.
� dif�cil enfrentar tal concorr�ncia. A solu��o liberal de refor�ar unilateralmente a abertura comercial e combater o "custo Brasil" para induzir a competitividade e atrair o capital estrangeiro n�o deu bons resultados nos anos 1990, aumentando a vulnerabilidade externa e sendo incapaz de sustentar o crescimento.
Por outro lado, se � desej�vel que a pol�tica econ�mica busque reduzir os juros e ter um c�mbio menos apreciado, uma dose exagerada de desvaloriza��o para fazer frente � �sia prejudicaria a renda real dos trabalhadores. Ademais, o ajuste fiscal para compensar o efeito cambial comprometeria o crescimento por um bom tempo.
Em particular, a alternativa � dif�cil de ser seguida porque a eleva��o dos pre�os das commodities com a emerg�ncia da China permitiu que a AL pusesse em marcha um in�dito processo de inclus�o social e distribui��o de renda.
Para destravar o caminho, � preciso criar condi��es para que as empresas locais se posicionem melhor e mesmo liderem cadeias de gera��o de valor, tendo a inova��o e a presen�a global como vetores da busca dos lucros.
Evidentemente, isso n�o precisa se restringir aos setores ligados a recursos naturais. Por�m esse � provavelmente o melhor come�o para qualificar o capitalismo e a ind�stria na AL e no Brasil. E nada como um bom come�o.
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